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    Jeffrey Sachs

    Professor da Columbia University (NYC) e Diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável e Presidente da Rede de Soluções Sustentáveis da ONU. Ele tem sido um conselheiro de três Secretários-Gerais da ONU e atualmente serve como Defensor da iniciativa para Metas de Desenvolvimento Sustentável sob o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

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    O que os EUA devem ao mundo pelo Covid-19

    É imperativo que os EUA reconheçam sua responsabilidade perante o mundo

    (Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz/Ag. Brasil)

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    Por Jeffrey Sachs, Common Dreams – A hipótese de um laboratório financiado pelos EUA como origem do Covid-19 representa potencialmente a mais significativa negligência governamental na história. O direito das pessoas em todo o mundo a transparência e respostas baseadas em fatos sobre questões cruciais é indiscutível. O governo dos EUA (USG), ao financiar e apoiar um programa de pesquisa laboratorial, pode ter inadvertidamente contribuído para a criação e liberação do SARS-CoV-2, o vírus responsável pela pandemia de Covid-19. Posteriormente, o USG foi acusado de tentar encobrir seu possível envolvimento. Como resultado, o governo dos EUA está sob pressão para corrigir as informações incorretas, descobrir a verdade e reconciliar-se com o resto do mundo.

    A investigação incansável de jornalistas, cientistas e denunciantes revelou informações substanciais que sugerem a possível origem laboratorial do SARS-CoV-2. Destacam-se o trabalho corajoso do The Intercept e do US Right to Know (USRTK), especialmente a jornalista investigativa Emily Kopp no USRTK.

    O Comitê de Prestação de Contas e Supervisão, liderado pelos republicanos, está conduzindo uma investigação crucial em um Subcomitê Seleto sobre a Pandemia de Coronavírus. No Senado, o senador republicano Rand Paul emergiu como uma voz líder na busca por transparência, honestidade e razão na investigação da origem do SARS-CoV-2.

    As evidências de uma possível origem laboratorial concentram-se em um programa de pesquisa conduzido por vários anos pelos EUA, com colaboração entre cientistas americanos e chineses. Financiado principalmente pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e pelo Departamento de Defesa dos EUA, o programa foi administrado pela EcoHealth Alliance (EHA), com atividades realizadas no Instituto de Virologia de Wuhan, na China (WIV).

    Os fatos conhecidos até o momento incluem:

    • O NIH, desde 2001, expandiu sua pesquisa para incluir biodefesa, tornando-se uma extensão das comunidades militares e de inteligência. Parte do financiamento de biodefesa do Departamento de Defesa foi destinada ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), liderado pelo Dr. Anthony Fauci.
    • O NIAID e a DARPA (no Departamento de Defesa) apoiaram extensa pesquisa sobre patógenos potenciais para guerra biológica e biodefesa, incluindo a manipulação e teste de vírus em morcegos.
    • O NIAID tornou-se um grande financiador da pesquisa de ganho de função (GoF), que visa modificar geneticamente patógenos para torná-los mais patogênicos.
    • Após a observação do surto inicial em Wuhan, virologistas associados ao NIH expressaram preocupações sobre a possível origem laboratorial do SARS-CoV-2.
    • Funcionários do NIH tentaram esconder a pesquisa de GoF financiada pelo NIH e promoveram a ideia de uma origem natural do vírus.
    • Algumas fontes apontam para o WIV como a fonte do vazamento laboratorial, enquanto escondiam o financiamento do NIH e o programa de pesquisa liderado pela EHA.

    As evidências indicam a necessidade de uma investigação independente, abrangendo todos os laboratórios envolvidos no programa de pesquisa da EHA nos EUA e na China. Além disso, há urgência em suspender a pesquisa de GoF globalmente até que regras de biossegurança sejam estabelecidas por um órgão científico independente. A Assembleia Geral da ONU deve estabelecer uma responsabilidade legal e financeira rigorosa para governos que violem normas de segurança internacionais por meio de atividades de pesquisa perigosas.

    É imperativo que os EUA reconheçam sua responsabilidade perante o mundo, fornecendo transparência total e possivelmente compensação financeira, dependendo dos resultados da investigação. Em última análise, o que está em jogo é a segurança e a saúde de toda a humanidade.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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