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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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      O que realmente está em jogo

      A elite não aceita qualquer milímetro de avanço em direção à melhoria da vida desses homens e mulheres que, para ela, são descartáveis

      (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

      Falemos de um país ficcional. Uma criação literária para permitir nossas viagens prognósticas e nossos olhares para o passado. Claro que alguma coisa pode fazer você imaginar que estamos tratando de algum caso concreto, pois assim é a literatura: ela nos faz viajar para perto de nós mesmos. Mas relaxe. Apenas se permita seguir o passeio.

      O país imaginário do qual tratamos tem sua origem e seu desenvolvimento fundados no saque e na escravização de seus povos originários e de africanos e africanas sequestrados de seus reinos do além-Atlântico. Sua força de trabalho é usurpada para a construção da riqueza e para a formação de elites que exerceriam seu poder até os dias em que contamos essa história.

      Uma elite que se constrói a partir de terras que recebe graciosamente; da produção de uma droga que, ao adoçar, vicia; ou de outra que, da mesma forma, ao servir de estimulante, cria dependência. Ou se fortalece, ainda, da destruição do meio ambiente para saquear ouro e diamantes a serem enviados para outros países.

      Mas, acima de tudo, falamos de uma elite escravagista que segue manifestando o que pensa sobre aqueles que serviram de mão de obra escravizada para a construção de seu poder e de suas riquezas. Às vezes, o fazem disfarçadamente, guardando para suas íntimas rodas; outras, reproduzindo em suas atitudes e piadas; e, muitas vezes, nem tão disfarçadamente assim, deixando objetivamente claro o que pensam e sentem.

      Essa elite, que por anos e anos, enfrentara resistência daqueles que injustiça. Peleias com perdas de lado a lado. Mas com o poderio bélico e a força econômica que possui sempre conseguiu impor as suas vontades.

      Contudo, com o passar do tempo, esses habitantes explorados e discriminados, trazendo o acúmulo de outros movimentos de libertação vividos por sua gente, avançam. Derrotam essa elite em seu próprio campo de luta. E, com vitórias em várias batalhas — uma, duas, três, quatro —, experimentam um retrocesso de seis anos, mas logo retomam o caminho da construção do país que defendem.

      E hoje, essa elite que, por séculos, fez o que queria com este imaginário país se vê diante de um contraponto com relativa força. Aqueles que se reuniram durante aquele intervalo de seis anos de atraso recente experimentado pela nação, contudo, não aceitam. Não importa o que de fato seja feito a favor daqueles que, por séculos, foram relegados, abandonados e humilhados. A elite simplesmente não aceita qualquer milímetro de avanço em direção à melhoria da vida desses homens e mulheres que, para ela, são descartáveis — e, para alguns, desprezíveis. E vai fazer de tudo para derrotar um projeto que queira aproximar “os de baixo” de suas concretas ou imaginárias realidades.

      É por isso que vemos, nas ruas e nas redes deste país ainda imaginário, o debate ser colocado por quem o governa nos termos de “nós e eles”. “Nós”, representado por aqueles que não compactuam com a exclusão e a concentração de renda que significa o projeto da elite; e “eles”, aqueles — conscientes ou servindo de gado — desejosos de retomar um país da escravidão, mesmo que modernizada, onde as senzalas sejam trocadas por favelas sem estrutura e onde seus moradores não tenham oportunidades. A diferença entre os projetos está sendo deixada muito clara para a sociedade. Os porta-vozes do “nós” assumiram para si a tarefa estratégica e intransferível de pintar o quadro como ele realmente é.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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