O sinal continua vermelho para o monotrilho paulistano
Ao que tudo indica, o condutor no Palácio dos Bandeirantes não faz ideia de como dirigir a locomotiva chamada São Paulo
Premiar a incompetência com recursos públicos, sem considerar a segurança e a dignidade da população. Essa será, resumidamente, a atitude do governo caso decida mesmo passar para a concessionária ViaMobilidade o contrato do monotrilho de São Paulo, conforme anunciado na semana passada.
A construção da chamada Linha Ouro, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Morumbi, se arrasta há quase uma década e já consumiu bilhões de reais. O atraso motivou a suspensão do contrato com o consórcio responsável pela construção da linha por parte do governo, única medida louvável em todo esse imbróglio.
Há tempos temos alertado para esse descontrole, uma vergonha para qualquer gestão pública que se preze. A Frente Nacional pela Volta das Ferrovias possui, inclusive, uma Ação Civil Pública contra o governo do Estado e o metrô.
Em nosso entendimento, é preciso abrir essa caixa preta e passar a limpo o motivo de tamanho descaso com a linha 17. Não podemos ignorar um histórico de dinheiro enterrado num projeto idealizado inicialmente para, pasmem, funcionar na Copa de 2014.
Como se já não houvesse motivos suficientes para incredulidade nessa história toda, a Coesa, empresa que praticamente abandonou as obras do monotrilho, não saiu do circuito, como era o mínimo a ser esperado (cabe averiguar as circunstâncias em que ela fez por merecer a interrupção do contrato e tomar as devidas medidas de reparação aos cofres públicos). A construtora integra um consórcio que acaba de assinar contrato com o governo estadual para obras na linha 15-Prata, no valor de quase meio bilhão de reais. Bilhete premiado para quem não conseguiu fazer a lição de casa.
Estima-se agora que a conclusão do monotrilho paulistano irá exigir, já sob a responsabilidade da nova concessionária, mais R$ 2,7 bilhões. E numa nova e alarmante demonstração de que o transporte público ferroviário não é levado a sério pelo governo estadual, este cogita seriamente passar as obras do monotrilho à ViaMobilidade, a empresa que mais dor de cabeça tem causado à população de São Paulo, com seus atrasos e – pelo menos até aqui – visível incompetência para estar à frente da operação de uma ferrovia.
Ao que tudo indica, o condutor no Palácio dos Bandeirantes não faz ideia de como dirigir a locomotiva chamada São Paulo. É um itinerário sem fim de derrapagens. E a mudança de maquinista só fez piorar a situação!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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