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    Heraldo Campos

    Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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    O síndico

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    A criativa, bem humorada e ao mesmo tempo sofisticada letra da música “W/Brasil (Chama o síndico)” do compositor e cantor Jorge Bem Jor elaborada no ano de 1991 diz o seguinte nesse pequeno trecho: “Alô, alô, W/Brasil / alô, alô, W/Brasil / Jacarezinho, avião, / Jacarezinho, avião / Cuidado com o disco voador / Tira essa escada daí / Essa escada é pra ficar aqui fora / Eu vou chamar o síndico / Tim Maia! Tim Maia! / Tim Maia! Tim Maia!”.

    Como faz falta nos dias de hoje um Tim Maia (Sebastião Rodrigues Maia). Talvez não para ser síndico de um condomínio ou algo parecido, mas como um rico personagem da nossa história que tanto querem despedaçar aos quatro ventos. Tim Maia tinha um vozeirão, compunha bem, era multi-instrumentista e com seu jeito peculiar de falar, às vezes, soltava uma pérola como essa: “Gosto de cantar com sentimentos. Se você não transmitir sentimento, não atinge ninguém.”

    Para quem, por exemplo, participou de assembleia de estudantes sabe que quem estiver presidindo ou secretariando a mesa dos trabalhos tem que ouvir a maioria dos presentes e compreender seus sentimentos. Pode parecer que escrever isso é chover no molhado, mas a decisão da maioria nos assuntos tratados, democraticamente, em uma assembleia deve ser votada e, quando aprovados, compete a mesa dos trabalhos o encaminhamento das deliberações para as ações futuras.   

    Em um condomínio de casas, ou de um prédio de apartamentos, o funcionamento das decisões da maioria dos condôminos deve ser seguido adiante pelo síndico e acompanhado pelo conselho fiscal.

    Mas, o que fazer com um síndico que compactua com a administradora de um condomínio e com uma série de irregularidades? Se dermos uma lida nas reclamações de condôminos, disponíveis em vários textos na internet, vamos observar que parece que existe um padrão para gente espaçosa e rastaquera. O padrão é mais ou menos esse: excessos de barulho provocados por animais, crianças, adolescentes e até adultos correndo, pulando, gritando, latindo e guinchando, dentro dos apartamentos e nos corredores do prédio de um condomínio, assim como uso de máquinas e equipamentos em obras nos interiores das unidades que, pelo barulho estridente, sugere que estão cavando buracos para esconder dinheiro sujo. Vai saber. Tudo é possível.

    Nesse cenário, juntando o grave problema da pandemia do coronavírus que estamos vivendo, constata-se que, em várias oportunidades, tanto moradores como visitantes externos e prestadores de serviço nos condomínios, muitas vezes desrespeitam uma medida sanitária básica, não usando máscara facial e circulando em área pública comum, como os elevadores que são um meio bastante propício para a propagação do vírus.

    Mas, então, o que fazer com o síndico nesse caso? Se o síndico estiver em conluio com o conselho fiscal, com a administração do espaço físico do condomínio, numa prática nítida de uma ação entre amigos, podemos enviar sinais de que uma hora a casa pode cair de podre, pelo péssimo governo, como parece que está acontecendo com o atual síndico que ocupa o Palácio do Planalto. Será que isso adianta alguma coisa?

    Assim, por tudo o que vem sendo desnudado nesses dias difíceis, mostrando a empulhação que levou esse governo fascista ao poder pela eleição fraudulenta de 2018, será que alguém tem alguma dúvida de que uma hora a casa cai, leva junto o síndico de arrastão e voltaremos a “cantar com sentimentos”?

    “Ela virá, a revolução conquistará a todos o direito não somente ao pão, mas, também, à poesia.” (Leon Trotsky). 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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