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    Edmar Antonio de Oliveira

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    O sol nascente: Japão, do milagre japonês às décadas perdidas

    O líder supremo do Japão era visto não apenas como um monarca que simboliza e lidera um povo, mas também como um ser divino, descendente de deuses antigos, que protegia o Japão.

    Tóquio (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)

    Durante a década de 1930, o Japão se firmou como uma potência mundial imperialista e militarizada, submetendo seus vizinhos chineses e coreanos, bem como ampla região do oceano Pacífico as suas pretensões expansionistas. Após compor o Eixo com as forças nazi-fascistas europeias, conheceu a derrota militar, teve cidades e complexos industriais devastados, perdeu suas colônias e permaneceu sob ocupação norte-americana por quase uma década. No entanto, conseguiu se recuperar e durante o período da Guerra Fria, realizou o chamado "milagre japonês", reassumindo seu lugar como potência econômica até a década de 1990, quando caiu em estagnação e assim permanece até o início dos anos 2020. 

    Para compreender este processo de ascensão e paralisia econômica, é preciso identificar os fatores que compõem a reestruturação japonesa, como o auxílio financeiro norte-americano visando combater a influência soviética na região; o papel do Estado intervencionista na reconstrução e desenvolvimento das forças produtivas; a cultura japonesa de respeito às autoridades; e o sentimento de humilhação pela derrota, que propiciaram um envolvimento de amplos setores sociais visando restaurar a “honra” do país. Assim, a história econômica do Japão pode ser dividida em quatro fases: período de recuperação (1946-1954), primeiro período de crescimento (1954-1972), segundo período de crescimento (1973-1991), que compõem os 45 anos do "milagre", e a quarta fase, a estagnação (1992 em diante), que já conta com 20 anos de paralisia, período chamado de "décadas perdidas". 

    Sem adentrar na Segunda Guerra ou seus antecedentes, cabe uma pergunta corriqueira: por que o Japão, após ser bombardeado pelos Estados Unidos, inclusive com bombas atômicas, enquanto as forças armadas já preparavam uma rendição motivada pelo deslocamento de tropas soviéticas para a Manchúria, nunca resistiu à ocupação estrangeira ou manifestou rancor contra os Estados Unidos? A resposta está na mesma causa que levou os japoneses para a guerra, a firme fidelidade às decisões do imperador. O líder supremo do Japão era visto não apenas como um monarca que simboliza e lidera um povo, mas também como um ser divino, descendente de deuses antigos, que protegia o Japão. Ao se render e dizer ao seu povo que não se rebelasse nem guardasse mágoas de seus inimigos, o Imperador Hiroito, com a mesma autoridade que guiou os japoneses para o desastre, acabou por guiá-los também para uma fase de paz e a prosperidade.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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