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    Alexandre Silveira

    Alexandre Silveira é ministro de Minas e Energia

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    O sonho dos brasileiros com vida melhor e prosperidade

    "Ter autonomia e liberdade de escolha agora está cada vez mais no radar de muitos como opção de sustento e de propósito de vida no Brasil", pontua Silveira

    Empreendedorismo feminino (Foto: Agência Senado )

    Com a evolução recente nos mais diferentes domínios da nossa era, o sonho dos brasileiros e das brasileiras acompanha o ritmo acelerado das mudanças atuais. Ancoradas no presente, as famílias buscam avidamente uma conexão com o futuro, que permita transpor os obstáculos do cotidiano e conquistar uma vida melhor, em direção à prosperidade.

    Isso se manifesta de maneira clara nas aspirações de segmentos importantes da população. Uma pesquisa de 2023 no Brasil mostra que “ter o próprio negócio” é o terceiro maior sonho das pessoas de 18 a 64 anos de idade, com 48,2% das preferências. Já o desejo de “fazer carreira numa empresa” fica com 33,1%, em oitavo lugar no ranking.

    A porcentagem favorável a um negócio próprio é mais acentuada ainda entre os mais jovens: 57,6% (de 18 a 24 anos) e 53,8% (de 25 a 34 anos). Feito anualmente em mais de 40 países e conduzido por meio de uma parceria da qual faz parte o Sebrae no Brasil, o estudo aponta, entre outros aspectos, quais são os principais sonhos da população. 

    Em 2017, o sonho do negócio próprio ocupava o sexto lugar, com 17,9%, veio crescendo e chegou à segunda posição, em 2022, com 59,9%. Compete com outras opções como "viajar pelo Brasil", "comprar a casa própria", "comprar um automóvel", "ter um plano de saúde" ou "diploma de ensino superior". Verifica-se ainda que se mostra mais intenso quanto mais baixa for a renda familiar (54% entre os que ganham até um salário mínimo contra 42% acima de seis salários mínimos).

    De acordo com a pesquisa, há no Brasil nada menos que 47,7 milhões de empreendedores potenciais, "aqueles indivíduos que ainda não são empreendedores, mas que pretendem abrir um novo negócio nos próximos três anos", na faixa de 18 a 64 anos. Só ficamos atrás da Índia, que soma 105,8 milhões de pessoas nessa categoria e reúne uma população muito maior.

    Ter autonomia e liberdade de escolha agora está cada vez mais no radar de muitos como opção de sustento e de propósito de vida no Brasil.

    Outra frente notável de mudanças, muito citada recentemente, é o trabalho em plataformas digitais e aplicativos de serviços como os motoristas de Uber e entregadores do iFood. Há achados esclarecedores em estudo desenvolvido no âmbito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por Tiago Magaldi, doutor em sociologia, e três colegas de instituições francesas de pesquisa (Christian Azaïs, Mireille Razafindrakoto e François Roubaud)

    Várias vantagens são vistas pelos "plataformizados", a começar pelo fato de que têm remuneração superior ao salário mínimo com carteira assinada, uma vez que fazem longas jornadas de trabalho para aumentar a renda. Outra é a flexibilidade dos horários de dedicação, que permite combinar com tarefas da vida cotidiana, por exemplo. Pesa a favor também a ausência de subordinação pessoal direta a um patrão ou gerente.

    Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas que trabalhavam por meio das plataformas. Esse montante pode ser ainda maior. A empresa Uber acaba de divulgar que o Brasil é o país com mais motoristas no mundo, com 1,4 milhão de cadastrados.

    Formuladores e executores de políticas públicas precisam estar atentos e encontrar soluções, portanto, para as demandas em expansão formuladas nessa nova fronteira que, além de econômica, destaca-se pelas dimensões culturais e comportamentais. 

    Deve-se, contudo, analisar com cautela o impacto das novas tendências. A valorização do empreendedorismo não representa o enterro da Carteira do Trabalho e Previdência Social (CTPS), instituída por Getúlio Vargas em 1932. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o Brasil tinha 47,2 milhões de celetistas ativos em 2024, uma variação de mais 3,7% comparada ao ano anterior.

    Além disso, em 2024, o Brasil registrou a menor taxa média de desemprego (6,6%) desde que o IBGE começou a calcular esse índice, em 2012. Portanto, contribuir para a geração de postos de trabalho segue como fundamental para a gestão pública, especialmente empregos de qualidade, por meio do desenvolvimento econômico e tecnológico.

    É necessário lembrar que o maior impulso aos pequenos negócios no Brasil veio pelas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com duas iniciativas de amplo reconhecimento histórico para o setor, implementadas em seus dois primeiros mandatos: a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (2006) e a criação do Microempreendedor Individual (MEI, em 2008).

    Programas de inclusão, como o Bolsa Família e outros tantos lançados pelo presidente Lula, tiveram tanto sucesso, pelo caráter inovador, abrangência e capacidade de transformação social, que foram incorporados às políticas públicas de Estado. Ao longo do tempo, passaram a ser percebidos pelos beneficiários como um direito estabelecido. É um aspecto positivo da realidade, ao qual os novos tempos requerem um "aggiornamento", mediante uma atualização capaz de colocar todo mundo na mesma página.

    Se é certo que os sonhos não envelhecem como bem destacou o grande letrista e poeta mineiro Márcio Borges, a hora é de colocar em evidência novos sonhos, capazes de mobilizar as esperanças de brasileiros e brasileiras.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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