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      Adilson Roberto Gonçalves

      Pesquisador científico em Campinas-SP

      221 artigos

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      Obstrução e anistia

      O cadeirão de pressão pela anistia continuará

      Plenário da Câmara (Foto: Lula Marques/ABr)

      A obstrução usada pelo PL nas votações da Câmara dos Deputados é legítima, mas tem sido inócua, revelando que não prosperará a estapafúrdia tentativa de anistia a criminosos que atentaram contra o Estado brasileiro. Mesmo com pesquisas de opinião mostrando que a população não está interessada na questão, preferindo que as pautas econômicas e de segurança sejam votadas, os parlamentares da extrema direita apostam na memória fraca de seus eleitores, pois daqui a menos de 18 meses estarão pedindo votos para continuar com as benesses que o cargo lhes faculta. Caberá ao detentor do voto fazer escolhas melhores, essa é sempre a solução primeira em uma democracia.

      Mesmo assim, foram para o palanque, em oposição à democracia e à lógica. É conivente que se chama governador que vai a ato em defesa de criminoso? Surpreende o limite da corda esticada de pretensos candidatos à presidência do País, revelando que, caso eleitos, estarão pouco afeitos às normas constitucionais. Possuir plataforma política neoliberal ou mesmo defender pautas retrógradas é do jogo, mas apologia ao crime continua sendo o que é. Se 40 anos atrás nos emocionávamos ao ver direita e esquerda no mesmo palanque exigindo as Diretas Já, hoje a direita não se envergonha em fazer comício pela impunidade. Oh tempora, o mores! De qualquer forma, resultou em outra flopada, pois eram esperados ao menos 500 mil em São Paulo. O índice de flop em Copacabana havia sido de 98% e na Paulista foi de 91%.

      Os jornalões, por seu turno, não se avexam em fazer apologia do bolsonarismo sem Bolsonaro e o editorial do Estadão “Para Bolsonaro, somos um país de néscios” é um exemplo. De certa forma, são perfeitas as ponderações ali contidas, mas lembremos que já em 2016, em seu voto no impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente proferia em rede nacional seu clamor pelos ecos da ditadura e da tortura a ela atrelada. Há, ainda, que retroagir o desrespeito à lei desde seu tempo de militar, em que planejou atentados a quartéis e ao sistema de tratamento de água de Guandu. Ou seja, a índole criminosa e golpista vem de longa data. No palanque, o réu criticou os generais frouxos, mas, em oposição aos nomes elencados, talvez ele se considere um militar firme por ter planejado atentados a quartéis, repito, enaltecer torturador da ditadura, ganhar eleição à base de fakenews e planejar um golpe de estado. Mesmo na machosfera à qual pertence, vemos que os “valores” são bastante corrompidos. O jornal até publicou o comentário na versão online, mas resolveu omitir o atentado a Guandu, não se sabe o porquê.

      O cadeirão de pressão pela anistia continuará. Se tivéssemos um congresso um pouco menos de extrema direita, estaríamos discutindo a revisão da lei de anistia de 1979, deixando mais claro ainda que as Forças Armadas estão a servido do poder civil e constitucionalmente instituído, além de mudar o currículo de formação dos militares, excluindo o “combate ao comunismo” e fazendo-os entender que não houve revolução e, sim, golpe em 1964. Um sonho, por enquanto.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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