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    Jeferson Miola

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    OEA de Almagro falsificou informe para viabilizar golpe na Bolívia

    "Almagro produziu o inferno na Bolívia, mas desapareceu nos últimos dias. Afinal, onde está Almagro, o cônsul dos EUA na América Latina que falsificou os relatórios sobre a eleição na Bolívia para viabilizar o golpe que derrubou Evo Morales?", questiona o colunista Jeferson Miola

    Especialistas de instituições acadêmicas dos EUA e da Europa concluíram que a OEA sob Luis Almagro fraudou informações e manipulou dados para viabilizar o golpe contra Evo Morales na Bolívia [informe OEA].

    Reportagem de Nicolás Lantos no portal eldestape [aqui] sobre 2 investigações internacionais independentes diz que os informes dessas instituições “não somente confirmam o triunfo de Morales nas eleições, como também avivam as suspeitas sobre a premeditação do golpe de Estado e a participação do organismo encabeçado pelo uruguaio Luis Almagro nos planos para tirar o Movimento ao Socialismo [MAS] do poder sem se importar com o resultado do voto popular”.

    A reportagem diz que no estudo da Universidade de Michigan elaborado por Walter Mebane, um dos maiores experts em fraude eleitoral do mundo, a conclusão foi de que “há irregularidades estatísticas que poderiam indicar fraude em somente 274 das 34.551 mesas de votação [ou seja, em 0,79% do total de mesas] e que isso não se diferencia muito dos padrões vistos em eleições em Honduras, Turquia, Rússia, Áustria e Wisconsin”.

    O autor deste estudo concluiu que mesmo descontando eventuais votos fraudulentos, “o MAS tem uma vantagem superior a 10%”. Ou seja, Evo obteve a votação suficiente para ser eleito no primeiro turno, conforme prevê a Constituição boliviana.

    O outro estudo reportado pelo eldestape é do Centro de Pesquisa de Política Econômica [CEPR, em inglês]; think tank integrado por investigadores de universidades da Europa que focaram a análise na missão de observação eleitoral da OEA e no papel desta Organização [que é francamente pró-americana] no processo boliviano.

    Os investigadores do CEPR concluíram que “nem a OEA nem ninguém pôde demonstrar que tenha havido irregularidades sistemáticas nem amplas nas eleições, e que nenhuma das 2 recontagens mostram padrões estranhos em comparação com a distribuição de votos em eleições anteriores”.

    Os acadêmicos do CEPR agregam, ainda, que as insinuações infundadas da OEA “tiveram uma influência significativa na cobertura midiática e, portanto, na opinião pública”.

    Os especialistas criticam que “a politização do que é normalmente um processo independente de monitoramento eleitoral parece inevitável quando uma organização [a OEA] à qual se confia esta tarefa faz declarações sem fundamentos que questionam a validade da contagem eleitoral”.

    Os resultados encontrados pelos centros dos EUA e da Europa coincidem com os encontrados pela justiça eleitoral da Bolívia, que proclamou a vitória de Evo Morales com o respaldo da Constituição do país.

    Evo obteve mais de 40% dos votos [na realidade, fez 44%], com uma vantagem superior a 10% do 2º colocado – precisamente 10,56% de diferença, o equivalente a mais de 640 mil votos em relação ao golpista Carlos Mesa.

    Nicolás Lantos avalia que Almagro “não somente não ocupou de maneira equânime o papel que havia sido confiado a ele nas eleições, como que ele tomou parte de um plano premeditado e cuidadosamente executado pela oposição, polícia, Forças Armadas e meios de comunicação para arrancar Evo Morales e o MAS do poder”.

    Luis Almagro foi embaixador uruguaio na China durante o 1º governo frente-amplista. Antes disso, na política doméstica uruguaia, ele saltou do Partido Nacional para a Frente Ampla, e escolheu se alojar justamente num dos setores mais esquerdistas da Frente – o MPP, Movimento de Participação Popular do lendário Pepe Mujica, de quem foi chanceler entre 2010 e 2015.

    Devido ao servilismo descarado aos EUA e à postura caninamente e doentiamente contra a Venezuela, em dezembro de 2018 Almagro foi finalmente expulso da Frente Ampla.

    Essa talvez tenha sido uma punição tardia para um personagem de quem não se tem a segurança de que não seja um agente da CIA desde há muito tempo.

    Aliás, Almagro produziu o inferno na Bolívia, mas desapareceu nos últimos dias. Afinal, onde está Almagro, o cônsul dos EUA na América Latina que falsificou os relatórios sobre a eleição na Bolívia para viabilizar o golpe que derrubou Evo Morales?

    A ingenuidade do Evo, que confiou neste canalha, também merece ser registrada [aqui].

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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