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    André Barroso

    Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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    Oito homens e uma sentença

    Vendo as afirmações do primeiro dia, possivelmente serão tornados réus os oito acusados.

    Jair Bolsonaro (Foto: Gustavo Moreno)

    Foi unânime! Tinha que ser. A expectativa de que a defesa teria uma carta na manga para tentar anular o julgamento foi pífia. Semana passada foram julgadas 67 pessoas e condenadas pelo pleno. Denúncias apresentadas e recebidas antes da mudança do regimento de 2023 são julgadas pela 1º Turma. Então, nesse primeiro dia teve a leitura do relatório, exposição da avaliação e, após as questões da defesa, foram analisados a avaliação das questões das defesas. E vendo as afirmações do primeiro dia, possivelmente serão tornados réus os oito acusados. 

    Na falta de argumentos que contradizem as milhares de páginas da acusação, com provas fartas, onde advogados de defesa disseram que não tiveram acesso aos documentos e o ministro Alexandre de Moraes inclusive leu os prints de quantas vezes os próprios advogados fizeram login para acessá-los, foi uma vergonha. Se fala muito sobre o problema da delação de Mauro Cid, mas a tese foi derrubada, pois a delação premiada é um acordo entre um acusado e o Ministério Público, em que informações são fornecidas, mas são o ponto de partida para se colher provas que corroboram com o que foi falado. Nenhuma das argumentações tiveram sustentação. Vale lembrar que o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, havia falado que conhecia menos provas e não tinha dúvidas sobre a tentativa de golpe de Estado e hoje conhecendo todo processo, põe dúvida na tese que coloca seu cliente como maior beneficiado e mentor. 

    Temos que lembrar que Bolsonaro aparece a partir de um movimento de golpe sendo formado no Brasil no período em que existia um PSDB. A força cresceu naquela época, devido ao apoio dos militares. Eles estavam irritados com a posição de Dilma Rousseff de instalar a Comissão Nacional da Verdade. Lula nunca enfrentou os militares, deu anistia. Dilma, ex-torturada, foi enfática nesse enfrentamento e perdeu. Bolsonaro, deputado sem importância, mas que não tinha pudor em relação à má reputação de seus atos e não tinha vergonha do que falava publicamente. Ele, representando a lama dos porões da ditadura, foi eleito bode expiatório desses interessados. Nunca foi um bom estrategista nem tinha pudor em planejar ganhos próprios sem segurança e se achando inimputável.

    Na época em que colocaram o Lula na prisão injustamente, não havia provas, mas convicções. Agora, temos provas robustas da participação do ex-presidente Bolsonaro. Jair e mais os sete aliados ainda foram chamados de núcleo crucial do golpe, com trama de acordo com uma organização criminosa. Toda timeline foi exposta da tentativa de golpe do núcleo 1, relembrando até as blitz na época da eleição, mostrando vários planos com codinomes com materialidade farta.

    O que é mais grave na denúncia da PGR é ver que para tornar réus por crimes como tentativa de golpe de Estado, assassinato de autoridades e envolvimento com ações extremistas os oito apontados, foi preciso meses de investigação, com farto material técnico, sendo que a defesa tentava desqualificar as preliminares, mas não tendo como desabonar as próprias provas. A gravidade dos fatos foi votada em unanimidade, de forma técnica, com poucas falas divergentes, mostrando que estão embasados. E essa segurança é importante no momento político em que estamos. Diferente do golpe de 2015, com comoção popular e julgamento fraco e parcial que condenou Lula à prisão, diante da aferição da Comissão da ONU, agora é necessário todo embasamento factual para não haver qualquer tipo de erro jurídico e termos uma condenação verdadeira e sem precedentes.

    Caso seja acusado, Bolsonaro pode enfrentar prisão preventiva, onde Paulo Gonet pediu uma pena de 38 anos de cadeia por seus crimes contra a democracia brasileira. O mundo não dá voltas, ele capota. Lembre-se sempre disso. O mal que faz, sempre haverá volta. Hoje temos um provável Bolsonaro réu, enquanto temos Lula presidente e Dilma reeleita presidenta do Banco dos BRICS. E como falou Dilma em seu discurso de despedida de seu impeachment: "a história será implacável com os que hoje se julgam vencedores”.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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