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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Os mineiros nos avisam que Bolsonaro pode ter virado um mané

    O fiasco em Belo Horizonte no domingo nos oferece fortes sinais de que o líder moribundo começa a ser abandonado, escreve o colunista Moisés Mendes

    Jair Bolsonaro (camisa azul), Romeu Zema (de óculos) e outras lideranças durante evento em Minas Gerais (Foto: Reprodução/Twitter Romeu)

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    Bolsonaro saiu de casa e foi a Belo Horizonte para provar que está vivo, que se levanta, anda e faz milagres. Mas foi um fiasco, com menos de 500 pessoas, a aglomeração que o recebeu domingo na Praça da Liberdade.

    Bolsonaro saiu do mundo imaginário e irreal das pesquisas, que o enganam com o suporte expandido de até um terço do eleitorado, para o mundo da verdade presencial das ruas e suas armadilhas. Um mundo que, em palanques ao ar livre, exige público e também fala e retórica que ele não domina.

    As pombas da Praça da Liberdade viram um sujeito gaguejando diante de fiéis intensos mas escassos, ao lado de Michelle e do deputado da peruca Nikolas Ferreira.

    O deputado enfiou seu líder numa fria em cima de um trio elétrico, e é no que ele pode se enfiar a partir de agora quando for exposto a situações semelhantes.

    Por acaso, no mesmo fim de semana, na tentativa de medir o alcance de Bolsonaro e do PL nas eleições de 2024, a Folha chegou perto do que queria dizer, mas não disse tudo.

    Tentaram confrontar as possíveis influências dos partidos, de Lula e de Bolsonaro no que poderia vir a ser, mas não será, uma repetição da polarização do pleito nacional. A Folha esboçou o retrato de hoje, ao informar que 2024 terá outros humores e outras circunstâncias de uma eleição municipal.

    Mas deu a entender que o PL é agora, à direita, o equivalente do PT à esquerda. No interiorzão não é bem assim. E a Folha também se esqueceu de dizer que Bolsonaro não é Lula.

    Não se arriscam a dizer que Bolsonaro não é líder do PL, mas um agregado a quem o partido e Valdemar Costa Neto devem muito. Que não tem ascendência natural sobre lideranças paroquiais, nem nas capitais, com raras exceções, e que não vai orientar as grandes condutas.

    Bolsonaro foi o meteoro do fascismo, que carregou muita gente nas costas em seus melhores momentos, mas nada indica que, sob cerco, possa orientar decisões políticas de dirigentes ou da base numa eleição municipal.

    Bolsonaro não entende nada de eleição municipal. E o PL não é Bolsonaro, qualquer vereador de Sorocaba sabe disso. Não orientou o que seriam suas bases nem em 2020, quando nem partido tinha mais e estava no poder.

    A Folha tentou criar outra uma vez uma falsa equivalência entre Lula e Bolsonaro, para dar a entender que oferece aos dois o mesmo tratamento jornalístico.

    Mas aí veio o comício na Praça da Liberdade para alertar que Bolsonaro está muito fraco. Nenhum nome de peso da direita mineira estava ao seu lado. Só o deputado da peruca.

    É assim que os jornalões tentam, com falsos pesos iguais, fazer média com a direita. É possível que Michelle tenha hoje maior sustentação nas bases do que ainda é o bolsonarismo do que o próprio Bolsonaro.

    Michelle tem o que dizer, com as pautas das farsas da moral e dos costumes e a pegada evangélica. Sem jet ski, sem cartão corporativo, sem emendas secretas e sem militares e milicianos de fé ao seu redor, Bolsonaro é quase um mané repetindo que foi roubado na eleição. Deve pensar muito antes de sair de casa de novo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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