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Edmar Antonio de Oliveira

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Os vinte anos de crescimento de Zâmbia e a hora do combate às dívidas e à pobreza

Embora apresente resultados econômicos importantes como vinte anos de crescimento, se posicione como um dos maiores exportadores de cobre no mercado internacional, possua um grande potencial para a exploração de recursos naturais, turismo e de geração de energia hidroelétrica, a pobreza é um grande problema nacional, atingindo 60% da população, além do desemprego, que gira em torno de 10% da população economicamente ativa

Extração de cobre na Zâmbia (Foto: Anderson Schneider/VEJA)

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A Zâmbia, país localizado no sul da África e famoso pelas Cataratas de Vitoria (Victoria Falls), na divisa com o Zimbabwe, tem chamado atenção do mundo também devido ao seu longo período de crescimento, com taxas em média de 5% ao ano. Outrora conhecida como Rodésia durante o período de colônia britânica, conseguiu sua independência em 1963 e mudou seu nome para Zâmbia, passando a ser governada pelo partido único União Nacional da Independência (UNIP), em um modelo fechado e com economia fortemente estatizada, modelo comum na região durante a Guerra Fria. Este sistema burocratizado e personalista diretamente vinculado ao líder Kenneth Kaunda, no entanto, levou a uma crise econômica na esteira da crise que varria o leste europeu no final dos anos 1990, associada à grave queda do preço do cobre, principal produto de exportação do país, no mercado internacional.

O governo zambiano adotou o multipartidarismo e o partido de esquerda - o Movimento para a Democracia Multipartidária (MMD) - venceu as eleições em 1991, assumindo o poder e realizando reformas orientadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), privatizando as principais empresas e os já escassos serviços públicos. 

Isso levou a uma série de revoltas populares e até a uma tentativa de golpe frustrada. Essa situação caótica se estendeu até 2001, quando Levy Mwanawasa venceu as eleições pelo MMD e realizou uma série de reformas de intervenção estatal e programas sociais, além do aprofundamento das relações econômicas com sua antiga aliada, a China, que desde 1976 realizou obras de infraestrutura na nação africana. Os chineses se tornaram os maiores parceiros comerciais, financiadores e investidores na Zâmbia, impulsionando a cambaleante economia local para uma das mais pujantes da África. Essa parceria se manteve inabalada e se aprofundou, mesmo quando o partido Frente Patriótica (PF), de centro-esquerda, venceu as eleições em 2011.

Embora apresente resultados econômicos importantes como vinte anos de crescimento, se posicione como um dos maiores exportadores de cobre no mercado internacional, possua um grande potencial para a exploração de recursos naturais, turismo e de geração de energia hidroelétrica, a pobreza é um grande problema nacional, atingindo 60% da população, além do desemprego, que gira em torno de 10% da população economicamente ativa. Com uma agricultura de baixo rendimento e indústria incipiente, o principal setor econômico é de comércio e serviços, principalmente de produtos oriundos da China. Outro problema é a imensa dívida externa, fruto dos empréstimos junto ao FMI no passado e a bancos chineses na atualidade, que consome a maior parte das receitas, deixando muito pouco para ser investido em políticas públicas para a população. Manter o crescimento e resolver as graves mazelas sociais, buscando independência e desenvolvimento principalmente do setor industrial, é o grande desafio zambiano para as próximas décadas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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