Palestina: Apartheid sionista e o colonialismo de Israel são as causas do conflito
A ação militar do Hamas é uma resposta aos assassinatos, desmandos e humilhações de homens, mulheres e crianças nos territórios ocupados por Israel
Neste fim de semana Israel foi sacudido por uma ofensiva militar do Hamas, surpreendente e inédita, que lançou mais de 2000 mísseis, impactando fortemente na população israelense que habita nas margens próximas aos territórios palestinos.
A operação batizada de "Tempestade Al-Aqsa" conduzida pelo Hamas demonstrou ampla capacidade de combate, levando o conflito para diversas cidades e aldeias ocupadas por colonos israelenses. Trata-se de um ataque que revelou as fragilidades do Exército e dos serviços de inteligência de Israel.
A reação de israelense foi declarar “estado de guerra”, com um ataque bombardeando o densamente povoado território da Faixa de Gaza, região sob controle do Hamas.
A ação militar do Hamas é uma resposta aos assassinatos, desmandos e humilhações de homens, mulheres e crianças nos territórios ocupados por Israel, com as incursões constantes do Exército israelense.
A questão de fundo da atual escalada do conflito, é o desrespeito aos acordos estabelecidos sobre a criação de um estado nacional palestino soberano, com fronteiras definidas e viabilidade econômica. Vale lembrar que os Acordos de Oslo – que completaram 30 anos de sua assinatura no mês de setembro – não só foram violados, como Israel intensificou o processo de ocupação de territórios na Cisjordânia.
Até mesmo a fórmula política do estabelecimento de “dois Estados” – israelense e palestino – hoje é praticamente inviável. Nos últimos anos, os sucessivos governos israelenses abandonaram qualquer perspectiva de negociação com os palestinos sobre temas como o fim da criação de novos assentamentos, o respeito aos acordos acerca da questão das fronteiras de 1967 e da reivindicação histórica da capital do futuro Estado Palestino ser sediada em Jerusalém Oriental.
As milhares de vítimas – mortas, feridas e mutiladas – são o resultado direto da política terrorista do governo de Bibi Netanyahu, apoiado política e militarmente pelo imperialismo norte-americano. É o terrorismo do estado sionista, o principal responsável pela escalada do conflito. Os palestinos são as vítimas e reagem com as armas do oprimido.
É uma questão de princípio reconhecer o direito de rebelião ao povo palestino. Em artigo publicado, neste sábado(7), na New Left Review, o escritor e ativista político Tariq Ali escreveu: “Israel é um Estado nuclear, armado até aos dentes pelos EUA. A sua existência não está ameaçada. São os palestinos, as suas terras, as suas vidas que são. A civilização ocidental parece disposta a ficar de braços cruzados enquanto são exterminados. Eles, por outro lado, levantam-se contra os colonizadores”.
A ação militar do Hamas recolocou na agenda mundial a “Questão Palestina”, o que demanda dos organismos internacionais e das articulações multilaterais dos países árabes uma solução política para deter a escalada de genocídio praticado pelos sionistas e medidas imediatas no sentido de garantir a existência do estado nacional palestino.
Israel conta novamente com os Estados Unidos e as decadentes potências europeias para continuar a criminosa ofensiva contra os direitos nacionais do povo palestino. O conflito é mais um embate em curso que desgasta a política dos Estados Unidos na região, e isola mais ainda o Estado de Israel.
Portanto, cabe também a esquerda partidária e social no Brasil a urgente tarefa de organizar um efetivo e potente movimento de solidariedade aos palestinos — contra a guerra de extermínio e o apartheid sionista.
*Jornalista e escritor. Atua também na imprensa sindical. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba. Autor dos livros ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ (Kotter, 2022) e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (Kotter, 2021).
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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