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    Gilvandro Filho

    Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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    Para que eleição? O mercado escolhe logo o presidente e pronto

    "O que Lula fez foi repetir o que vai fazer a partir de janeiro, pois por isso foi eleito pela maioria do povo brasileiro", diz Gilvandro Filho

    (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

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    Por Gilvandro Filho, para o 247 

    A julgar pelo que sai no noticiário econômico da grande mídia, não era sequer preciso fazer eleição. Para que esse trabalho todo? Por que se gastar tanto dinheiro, perder tempo em discussões, fazer debates inúteis? Nada disso. Era só consultar o tal mercado e pedir que ele definisse o novo presidente da República, a cada quatro anos. Não deixaria essa etérea instituição nervosa, evitando tantas indiretas e ameaças. Simples assim.

    O tal mercado arvorou-se na força que impulsiona a governabilidade. Nada a ver com a ver com a Democracia, pelo contrário. É quem comanda o regime sem o povo e para bem longe do povo. É a mais perfeita tradução do termo “elite”. A elite financeira em sua essência e com todos os seus males. O tal mercado é a mãe de todas as chantagens. É quem define o que vale tudo e o que não vale nada, o que pode se discutir e o sobre o que se deve calar. O cão chupando manga.

    Regido pelos comentários econômicos das grandes redes de comunicação, o mercado se torna acima do bem e do mal. No noticiário, o tal mercado é onipotente e seus tentáculos, onipresentes. Através dos gráficos com cotação do dólar e oscilações das bolsas, ele reverbera  a “verdade absoluta”. É o que se aquieta e o que fica nervoso. Delimita o que vêm ser os passos de um presidente da República, mesmo daqueles que ainda sequer tomaram posse.

    Através de seus arautos, o tal marcado infiltra-se até nos grupos de transição de governos eleitos, com direito a fazer beicinho quando algo foge aparentemente do controle. Cinicamente, se faz de magoado ou de traído e deseja “boa sorte” ao governo em quem diz ter votado e a quem insinuou apoiar “a bem da Democracia”. Conversa mole.

    Vamos aos fatos. Lula venceu uma disputa histórica e está voltando ao cargo que deveria ter sido seu durante os últimos quatro anos - o que não aconteceu por tramoias jurídicas de magistrados parciais e suspeitos. A derrota imposta a Lula permitiu o afundamento do país num regime híbrido (meio ditadura / meio ópera buffa), que levou ao centro do poder uma das figuras mais bizarras e inapropriadas que a história da República Brasileira engoliu.

    Deu no que deu. Ao longo desses quatro esquecíveis anos, o Brasil mergulhou num caos por pouco irrecuperável. Tudo na vida nacional degringolou. Da saúde à educação. Da política externa aos direitos humanos. Do meio ambiente ao armamento criminoso da população, sobretudo a banda aliada. Da falta de políticas sociais e inclusivas à violência contra mulheres, índios e negros assassinatos em câmaras de gás improvisadas em viaturas policiais. Do aparelhamento irresponsável das polícias federais à corrupção generalizada de rachadinhas e pedidos de propina para compra de vacinas. Foi difícil não chegarmos hoje a um país inteiramente inviabilizado.

    Repetindo o que tanto que já foi dito, o tal mercado passou os últimos quatro anos quietinho, em silêncio obsequioso. Sobretudo em relação a aquilo que é sua praia e que ele se acha o dono da razão, que é a política econômica, as tais responsabilidades fiscais, as finanças da Nação. Nesse aspecto, o Brasil está saindo, graças à vitória de Lula, do período mais ruinoso de sua História. Roubou-se de baldes. Mexeu-se no orçamento, a centenas de bilhões, para comprar votos e fazer maioria no parlamento. Criou-se um inacreditável orçamento secreto com intuito de garantir a reeleição do governo que, impropriamente, foi parar no poder.

    A nada disso, o tal mercado reagiu, ficou nervoso ou ameaçou melar a governabilidade. Sorriu amarelo a cada peripécia do presidente da ocasião, por mais irresponsável e ruinosa que fosse. Baixou a cabeça e abanou a cauda a tudo que o solerte ministro da área econômica anunciava, por mais irresponsavelmente danoso que fosse. Em nenhum momento, nenhuma figura ridícula foi à mídia ameaçar o governo atual (ainda) como fez agora com Lula, ameaçado por tais patetas de “sequer tomar posse”.

    Na porta do seu terceiro mandato, Lula sempre soube gastar dentro do que as receitas permitem. Ele sabe o que faz, pois já fez, por duas vezes. E vai fazer pela terceira, independentemente das lorotas e bravatas de porta-vozes de uma instituição sombria e sem cara. Esse terrorismo é descabido.  É criminoso.

    O que Lula fez, no discurso de quinta-feira, foi somente repetir o que vai fazer a partir de janeiro, pois por isso foi eleito pela maioria do povo brasileiro. Foi emocionante e foi histórico. Foi para o povo. Não está na seara do tal mercado e dos seus arautos entender esse tipo de coisa. 

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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