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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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      Para quem ainda tinha dúvida de que era fascismo

      Trump quer reinar, suprimir o contraditório, calar os dissidentes, governar por decreto, instaurar o medo como política pública

      Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - 09/04/2025 (Foto: REUTERS/Nathan Howard)

      Pronto. Quem ainda arrastava os pés na lama da dúvida sobre o caráter fascista do projeto trumpista pode, agora, limpar os sapatos. Acabou. Não sobrou nem fumaça da ilusão. Donald Trump, em mais um de seus arroubos bufônicos de imperador decadente, decidiu intervir diretamente nas universidades americanas — e começa pela cabeça da serpente: Harvard, nada menos que a mais prestigiada instituição de ensino dos Estados Unidos.

      E qual o pretexto? Eliminar os programas de diversidade, equidade e inclusão. Traduzindo: acabar com cotas, políticas de respeito às diferenças de gênero, raça e orientação sexual. Numa palavra: apagar a pluralidade para reinstalar o velho e mofado trono do homem branco, cis, hétero, rico e armado até os dentes.

      Essa sanha contra as universidades não é aleatória. Quem conhece minimamente a cartilha do fascismo sabe que o ataque à educação e à ciência é um passo fundamental. É preciso destruir os espaços onde se pensa, onde se duvida, onde se questiona. O fascismo precisa de uma sociedade que obedeça — e, sobretudo, que obedeça sem fazer perguntas. Alexis de Tocqueville, se pudesse, pediria um novo túmulo só para poder se revirar com mais conforto.

      Alguns analistas andam dizendo por aí que as ações de Trump na economia carecem de método, que são improvisadas. Pode ser. A economia pode até estar sendo regida por impulsos de um bilionário ressentido brincando de roleta com o comércio internacional. Mas no campo político, ah, aí tem plano. E tem método. Tem um roteiro. Kim Jong-il, lá da Coreia do Norte, deve estar orgulhoso do pupilo ocidental.

      Porque é exatamente isso que está em jogo: Trump não quer apenas governar. Ele quer reinar. Quer suprimir o contraditório, calar os dissidentes, governar por decreto, instaurar o medo como política pública. A democracia americana, com todos os seus defeitos, está sendo lentamente dissecada sob os aplausos de uma massa que troca liberdade por ressentimento, que chama censura de liberdade de expressão e que vê na diversidade uma ameaça à sua mediocridade.

      Trump não está blefando. Ele está construindo um regime. Tijolo por tijolo. Decreto por decreto. Mentira por mentira. E se o mundo continuar achando graça no palhaço, vai acabar sendo devorado pelo monstro.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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