Plutocratas fabricam tempestade anti-Lula
“A ‘tempestade perfeita’ contra o Governo Lula é uma ação coordenada dos plutocratas para minar a própria democracia
Embora o aumento dos preços dos alimentos no Brasil não possa ser atribuído diretamente ao governo federal, pois diversos fatores independentes da atuação estatal contribuíram para essa elevação, a oposição, tangida pelos seus patrocinadores, culpa Lula pelo fenômeno.
Os custos de produção sofreram aumentos significativos devido à alta nos preços de fertilizantes, energia e combustíveis, itens cujo valor é fortemente influenciado pelo mercado internacional e não apenas por políticas nacionais.
Eventos climáticos extremos também impactaram fortemente a oferta de alimentos. O Brasil enfrentou, em 2024, a pior seca em sete décadas, reduzindo drasticamente a produção agrícola, especialmente a de café. Chuvas intensas e ondas de calor também comprometeram lavouras, demonstrando que fatores naturais, e não decisões governamentais, foram determinantes para a escassez de produtos e, consequentemente, para o aumento dos preços.
A valorização do dólar frente ao real teve um papel crucial na elevação dos custos de insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos importados. Essa alta cambial está ligada a fatores globais, como políticas monetárias de grandes economias e crises internacionais, que fogem do controle direto do governo brasileiro. Com um real desvalorizado, os produtos nacionais se tornam mais competitivos no mercado externo, incentivando as exportações e reduzindo a oferta interna, o que também pressiona os preços internos.
O impacto da pandemia de Covid-19, desde 2020, gerou uma série de aumentos acumulados, com disrupções logísticas, restrições comerciais e mudanças na demanda global. Ainda que medidas de contenção tenham sido tomadas, a recomposição econômica é gradual, e os reflexos da crise ainda afetam os preços dos alimentos.
A especulação financeira também desempenha um papel crucial no encarecimento dos alimentos. Commodities como o café são fortemente influenciadas por dinâmicas do mercado financeiro, podendo sofrer aumentos não necessariamente relacionados à produção agrícola ou à economia interna. A pressão sobre os preços igualmente decorre do aumento da demanda global por alimentos e das limitações na expansão de novas áreas agrícolas no Brasil.
Paradoxalmente, o próprio aumento da renda dos trabalhadores e do poder de consumo também contribuiu para a elevação dos preços dos alimentos, pois quando há um crescimento na renda da população, o consumo tende a aumentar, o que gera uma pressão inflacionária, especialmente em setores essenciais, como o de alimentos.
Com o governo Lula, políticas de valorização do salário mínimo e a ampliação de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, elevaram o poder aquisitivo de milhões de brasileiros. Além disso, fatores positivos, como a redução do desemprego e o crescimento do mercado formal de trabalho também permitiram que mais pessoas tivessem acesso a alimentos de maior qualidade e em maior quantidade. Esse aumento da demanda, que não foi acompanhado por um crescimento proporcional da oferta para o mercado interno, ajuda na elevação dos preços.
Com a recuperação econômica pós-pandemia, o consumo interno de alimentos voltou a crescer, enquanto a produção enfrentou desafios como custos elevados e restrições climáticas. Esse descompasso entre oferta e demanda intensificou a inflação. Esse efeito é um dos componentes da inflação de demanda, que ocorre quando o aumento do poder de compra impulsiona os preços para cima.
A atuação estatal pode mitigar os impactos por meio de políticas públicas, mas não tem controle sobre eventos climáticos, a valorização do dólar, a especulação do mercado global de commodities ou as consequências econômicas da pandemia.
A alta nos preços dos alimentos tem, de fato, impacto direto na popularidade de qualquer governo, pois atinge a população de forma generalizada, especialmente as camadas mais vulneráveis. No entanto, no caso do governo Lula, essa inflação alimentar tem sido explorada politicamente de forma radical por opositores, e amplificada por campanhas hostis nas redes sociais, que omitem fatores estruturais e globais que contribuem para o fenômeno. É importante ainda que se diga que a inflação dos alimentos não é um problema exclusivo do Brasil, mas uma tendência global desde a pandemia de Covid-19.
Enquanto isso, no Congresso, o Centrão se aproveita para extorquir. O comportamento dos partidos do Centrão em relação ao governo federal segue um padrão recorrente na política brasileira: o uso da ameaça de rompimento como instrumento de barganha para obter mais espaço no governo, cargos estratégicos, verbas públicas e influência sobre o orçamento. Com a queda de popularidade do presidente Lula, esses partidos veem uma oportunidade para aumentar seu poder de negociação, explorando a vulnerabilidade política do governo. Quando o leão está mais vulnerável, as hienas se aproximam.
O Centrão, historicamente, não possui qualquer alinhamento ideológico, além do pragmatismo voltado para vantagens políticas e eleitorais. Diante do desgaste do governo causado pelo aumento do custo de vida, suas lideranças intensificam a pressão para obter mais ministérios, maior controle sobre emendas parlamentares e influência sobre estatais e órgãos estratégicos, sempre agindo como um bloco oportunista, ao utilizar o desgaste do governo para ampliar seu poder.
Essa estratégia de chantagem política não é nova e tem sido um desafio em todos os governos do PT. No contexto atual, o governo Lula precisa equilibrar concessões ao Centrão sem comprometer sua governabilidade ou enfraquecer sua base mais fiel. O desafio é manter apoio suficiente no Congresso para aprovar projetos importantes sem ceder a todas as exigências desses partidos, que podem, a qualquer momento, mudar de lado, pela promessa de um maior naco de poder num novo governo.
A “tempestade perfeita” contra o Governo Lula é uma ação coordenada dos plutocratas para minar a própria democracia, através do seu “Projeto HAARP” midiático-político. Desde sua posse em 2023, o governo Lula tem enfrentado uma série de desafios políticos, econômicos e midiáticos que, quando analisados em conjunto, indicam uma tentativa coordenada das elites plutocráticas para desestabilizá-lo e preparar o terreno para sua queda. O aumento da inflação de alimentos, a insistente cobertura negativa da mídia sobre sua popularidade, a chantagem do Centrão no Congresso e a guerra de narrativas nas redes sociais compõem uma estratégia articulada por setores que não aceitam um governo voltado para a inclusão social e a redistribuição de riquezas.
Em vez de apontar para fatores globais e estruturais, os grandes veículos de comunicação insistem em responsabilizar o governo, ocultando que muitos dos setores beneficiados pela alta dos preços pertencem justamente às elites que tentam desestabilizá-lo. Grandes exportadores, que lucram com a venda de produtos para o exterior, têm influência sobre os preços internos, mas suas responsabilidades são ignoradas na cobertura midiática.
A grande mídia brasileira, historicamente alinhada aos interesses da elite financeira, intensificou a sua campanha contra Lula. Qualquer dificuldade econômica ou política ganha um espaço desproporcional, enquanto conquistas, como o aumento do salário mínimo, a redução da pobreza e o crescimento do emprego, são minimizadas ou ignoradas. Nas redes sociais, grupos organizados espalham desinformação e distorcem dados para alimentar um clima de insatisfação permanente. Robôs e perfis falsos impulsionam hashtags de ataque ao governo, amplificando a percepção de crise e enfraquecendo sua capacidade de comunicação direta com a população. Esse movimento é alimentado por empresários e agentes políticos que financiaram campanhas bolsonaristas e agora tentam pavimentar o caminho para um retorno da extrema-direita ao poder.
Embora não existam sinais explícitos de um golpe clássico, como os de 1964, a estratégia atual é diferente: desgastar Lula ao máximo, criar um ambiente de insatisfação generalizada e, em 2026, garantir uma eleição controlada por interesses plutocráticos.
O governo Lula enfrenta uma tempestade fabricada por aqueles que não aceitam um país menos desigual e mais inclusivo. A luta não é apenas contra a inflação ou a instabilidade política, mas contra uma elite que se recusa a perder privilégios. Diante desse cenário, é fundamental fortalecer a presença nas redes digitais e a mobilização popular, denunciar as manipulações da mídia.
A resistência democrática será essencial para evitar que essa articulação culmine em um novo golpe institucional, travestido de "desgaste natural" ou "insatisfação popular espontânea". O Brasil já viu esse roteiro antes, e cabe à sociedade impedir que a história se repita.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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