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    Marcelo Zero

    É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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    Pompeo e o apocalipse Bolsonaro

    "Os EUA de Trump, secundado pelo seu cão de guarda regional, o Brasil de Bolsonaro e Araújo, preferem apostar na inviabilização da via pacífica e constitucional e na desestabilização, pela força da Guerra, convencional ou híbrida, do regime de Maduro", diz o colunista Marcelo Zero. "A visita de Pompeo, nessas condições, é um tapa na cara da nossa soberania"

    Mike Pompeo, Trump com Bolsonaro (Foto: Reuters | Alan Santos/PR)

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    Os quatro cavaleiros do Apocalipse são a Peste, a Morte, a Fome e a Guerra. 

    Três já cavalgam há muito com Bolsonaro.

    Graças à indiferença e à incompetência de um governo sociopático, a Peste e a Morte fazem a festa entre nós, especialmente entre os mais pobres. 

    Rumamos céleres para 150 mil mortos, ante um presidente que ri da tragédia e recomenda o falso milagre da cloroquina.  Há um Apocalipse Sanitário no Brasil.

    E a morte não é só de seres humanos. Em nome do lucro de poucos, são eliminados, com fogo, animais, plantas e ecossistemas inteiros. O Brasil de Bolsonaro é um assassino do clima e da natureza.  Temos também um Apocalipse Ambiental.

    A Fome, após ter sido eliminada nos governos do PT, também já voltou a fincar raízes no Brasil. Há carestia e desabastecimento de produtos básicos. O governo Bolsonaro extinguiu ou fragilizou as políticas públicas que apoiavam agricultura familiar, a produção para o mercado interno e a estocagem de alimentos. 

    O PT criou o Fome Zero. Bolsonaro criou o Alimento Zero. 

    Só falta agora o fim do auxílio emergencial, proposto pelo Congresso, para que o Cavaleiro da Fome, da Pobreza e da Desigualdade gere um Apocalipse Social.

    Só estava ausente, portanto, o Cavaleiro da Guerra.

    Não mais. 

    El chegou hoje (18/09) ao Brasil. Mais especificamente em Roraima. Trata-se de Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA.

    Ele vem ao Brasil, e também à Colômbia e à Guiana, para tentar inviabilizar as eleições na Venezuela e investir em um conflito regional de consequências imprevisíveis. 

    Essas eleições, das quais participarão todas as forças políticas responsáveis da Venezuela e que contarão com observadores da ONU e da UE, se constituem na única aposta viável e pacífica para resolver o grave conflito interno do nosso vizinho. Só as rejeita o fantoche Guaidó.

    Entretanto, os EUA de Trump, secundado pelo seu cão de guarda regional, o Brasil de Bolsonaro e Araújo, preferem apostar na inviabilização da via pacífica e constitucional e na desestabilização, pela força da Guerra, convencional ou híbrida, do regime de Maduro. 

    Essa aposta irresponsável, que pode transformar a América do Sul em um novo Oriente Médio, contraria frontalmente a nossa Constituição, que consagra princípios básicos como o da solução pacífica das controvérsias e o da não-intervenção, bem como uma bela e longa tradição diplomática de uso do nosso soft power em favor da paz e da integração regional. 

    Lula era um grande líder da paz, do diálogo, da integração. Bolsonaro é um capacho que serve ao Cavaleiro da Guerra. 

    A visita de Pompeo, nessas condições, é um tapa na cara da nossa soberania. Mais um entre tantos outros do capitão que bate continência para a bandeira dos EUA. 

    Assim, temos também, com Bolsonaro e Araújo, um Apocalipse da nossa Soberania. Uma vassalagem vergonhosa, nunca vista na história do país. 

    Tudo o que o Brasil construiu em política externa, e não foi pouco, está sendo destruído por mentecaptos e terraplanistas ideológicos, que cultuam armas, violência, ignorância e Trump. Não necessariamente nessa ordem. São os milicianos da dependência. 

    No fundo, trata-se da morte do Brasil independente e soberano.  

    Neste grande apocalipse bolsonarista, que mata gente, sonhos, direitos, democracia, plantas, animais, clima e tudo mais que vê pela frente, essa morte do Brasil é a que mais dói.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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