Prendam Gabriel Galípolo!
"As embaralhadas letras abaixo, vão dar motivos políticos e de economia política para que o título se salva da condição de isca-chamariz", sugere Horta
Certamente o leitor pode colocar este título dentro daqueles odiosos “click baits” quando o autor não quer dizer o que o título diz, mas ele é desenhado para que o visitante queira que o argumento do título se realize e frequentemente sai desiludido. O texto abaixo não vai afirmar que o presidente do Banco Central cometeu qualquer ação juridicamente culpável sem o resultado das investigações da Polícia Federal quando do ataque especulativo à moeda brasileira que levou o dólar a mais de R$ 6,20. As embaralhadas letras abaixo, vão dar motivos políticos e de economia política para que o título se salva da condição de isca-chamariz.
O “mercado” – aquela entidade etérea que serve apenas para esconder o grupo de 40 ou 50 pessoas no Brasil e no mundo que tem tanta riqueza acumulada que é capaz de influenciar as tomadas de decisão econômicas – tem dito que esta é a “super-quarta” em função da reunião do COPOM, mais a pressão sobre o valor que a Petrobrás vai pagar pela gasolina, a decisão de juros nos EUA e balanços das big techs. Tudo junto num tsunami de informações que impactam diretamente a vida de todos os brasileiros, mas como todos nós não somos “o mercado”, provavelmente ninguém vai perguntar à dona Maria ou ao seu Odair quais serão suas escolhas de investimento a partir dessas informações. Quem faz esse papel de – mesmo não tendo capital acumulado – pensar no impacto dessas mudanças na vida de quem só consome (e não tem para investir) é a academia, os partidos políticos, e críticos de toda sorte que detém dois dedos de conhecimento sobre o que está acontecendo.
A verdade é que Gabriel Galípolo, tendo sido indicado pelo presidente Lula, passa a colocar o Banco Central na cota de responsabilidade do presidente e se o aumento de juros de hoje se verificar, Lula ficará sem ter a quem culpar pelo absurdo que vivemos. Provavelmente, isso vai provocar risinhos escondidos nos comentaristas econômicos da grande mídia, sempre ávidos por dizer que Lula não sabe de economia e que Campos Neto fazia tudo correto.
A questão, contudo, é ainda mais complicada.
O “mercado” joga politicamente com previsões furadas (que de científicas não tem nada) para manter um juro real na ordem de 8% ao ano e assim suas gordas e acumuladas fortunas lhes permitem ficarem mais ricos a cada ano sem praticamente trabalhar e sem risco nenhum. Este mercado “prevê” que o juro chegue a quase 16% ao ano no final de 2025, sinalizando um aumento dos juros durante todo o ano. Se isto acontecer, prendam Gabriel Galípolo.
Não me entendam mal, a questão é que só existem dois tipos de governo no mundo. Os governos que tiram dinheiro da parte de baixo da sociedade para mandarem para cima e os que tiram de cima para mandar para baixo. Os dois primeiros governos Lula operaram singularmente tirando de cima para mandar para baixo. Com juros de 16% (Selic no final de 2025, segundo “o mercado”) o presidente Lula não conseguirá se reeleger.
É basicamente isso. Gabriel Galípolo, mantendo os juros inexplicavelmente altos para atender aos interesses de 50 pessoas, vai interditar os projetos de vida e os planos do país inteiro, configurando sim um crime que – no meu mundo – seria punido com a prisão.
Não há governo que resista ao preço do pão francês chegando a 1 real por pãozinho, com um juro de 16% ao ano e com o custo da gasolina e diesel calculados em dólar para atender aos acionistas. Galípolo, se se mostrar um operador dos interesses do mercado será o coveiro das esperanças de reeleição.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: