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    Fernando Horta

    Fernando Horta é historiador

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    Prendam Gabriel Galípolo!

    "As embaralhadas letras abaixo, vão dar motivos políticos e de economia política para que o título se salva da condição de isca-chamariz", sugere Horta

    Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

    Certamente o leitor pode colocar este título dentro daqueles odiosos “click baits” quando o autor não quer dizer o que o título diz, mas ele é desenhado para que o visitante queira que o argumento do título se realize e frequentemente sai desiludido. O texto abaixo não vai afirmar que o presidente do Banco Central cometeu qualquer ação juridicamente culpável sem o resultado das investigações da Polícia Federal quando do ataque especulativo à moeda brasileira que levou o dólar a mais de R$ 6,20. As embaralhadas letras abaixo, vão dar motivos políticos e de economia política para que o título se salva da condição de isca-chamariz.

    O “mercado” – aquela entidade etérea que serve apenas para esconder o grupo de 40 ou 50 pessoas no Brasil e no mundo que tem tanta riqueza acumulada que é capaz de influenciar as tomadas de decisão econômicas – tem dito que esta é a “super-quarta” em função da reunião do COPOM, mais a pressão sobre o valor que a Petrobrás vai pagar pela gasolina, a decisão de juros nos EUA e balanços das big techs. Tudo junto num tsunami de informações que impactam diretamente a vida de todos os brasileiros, mas como todos nós não somos “o mercado”, provavelmente ninguém vai perguntar à dona Maria ou ao seu Odair quais serão suas escolhas de investimento a partir dessas informações. Quem faz esse papel de – mesmo não tendo capital acumulado – pensar no impacto dessas mudanças na vida de quem só consome (e não tem para investir) é a academia, os partidos políticos, e críticos de toda sorte que detém dois dedos de conhecimento sobre o que está acontecendo.

    A verdade é que Gabriel Galípolo, tendo sido indicado pelo presidente Lula, passa a colocar o Banco Central na cota de responsabilidade do presidente e se o aumento de juros de hoje se verificar, Lula ficará sem ter a quem culpar pelo absurdo que vivemos. Provavelmente, isso vai provocar risinhos escondidos nos comentaristas econômicos da grande mídia, sempre ávidos por dizer que Lula não sabe de economia e que Campos Neto fazia tudo correto.

    A questão, contudo, é ainda mais complicada.

    O “mercado” joga politicamente com previsões furadas (que de científicas não tem nada) para manter um juro real na ordem de 8% ao ano e assim suas gordas e acumuladas fortunas lhes permitem ficarem mais ricos a cada ano sem praticamente trabalhar e sem risco nenhum. Este mercado “prevê” que o juro chegue a quase 16% ao ano no final de 2025, sinalizando um aumento dos juros durante todo o ano. Se isto acontecer, prendam Gabriel Galípolo.

    Não me entendam mal, a questão é que só existem dois tipos de governo no mundo. Os governos que tiram dinheiro da parte de baixo da sociedade para mandarem para cima e os que tiram de cima para mandar para baixo. Os dois primeiros governos Lula operaram singularmente tirando de cima para mandar para baixo. Com juros de 16% (Selic no final de 2025, segundo “o mercado”) o presidente Lula não conseguirá se reeleger.

    É basicamente isso. Gabriel Galípolo, mantendo os juros inexplicavelmente altos para atender aos interesses de 50 pessoas, vai interditar os projetos de vida e os planos do país inteiro, configurando sim um crime que – no meu mundo – seria punido com a prisão.

    Não há governo que resista ao preço do pão francês chegando a 1 real por pãozinho, com um juro de 16% ao ano e com o custo da gasolina e diesel calculados em dólar para atender aos acionistas. Galípolo, se se mostrar um operador dos interesses do mercado será o coveiro das esperanças de reeleição.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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