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      Aldo Arantes

      Ex-deputado federal Constituinte pelo Estado de Goiás, secretário da Comissão Especial de Mobilização para a Reforma Política do Conselho Federal da OAB

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      Quais as reais causas da queda da aprovação de Lula nas pesquisas?

      A questão mais importante para explicar a queda na aprovação do governo Lula diz respeito à Guerra Cultural

      Lula - 14/03/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

      A imprensa noticiou, ontem, os resultados da pesquisa realizada pela Genial/Quaest, concluindo que a desaprovação do governo Lula aumentou sete pontos, chegando a 56%. Enquanto a aprovação caiu para 41%. Com isso houve um aumento de 13 pontos na desaprovação desde julho do ano passado. Se trata da quarta queda nos índices de aprovação. 

      A pesquisa indica que a queda na aprovação ocorreu em todo o país, com destaque para o Nordeste, onde houve um aumento na desaprovação de 37 para 46%. Também aumentou em 64% entre os jovens e eleitores de baixa renda. 

      Entre as razões do aumento da rejeição a pesquisa destaca: desgaste com cenário econômico e sentimento de decepção com retorno de Lula ao Planalto, ressaltando que 71% dos pesquisados acham que Lula não tem conseguido cumprir as promessas de campanha.  

      Outra questão diz respeito ao aumento do custo de vida. A pesquisa constata que 88 % dos entrevistados relataram aumento no preço dos alimentos, 65% ressaltaram a alta nas contas de água e luz, 70% o aumento dos combustíveis e 81% disseram conseguir comprar menos com o dinheiro que têm atualmente do que há um ano. 

      A pesquisa deixa claro a queda continuada das taxas de aprovação do governo Lula. Mas pesquisa divulgada hoje mostra que Lula ganharia de todos os demais candidatos na próxima eleição. 

      Torna-se essencial fazer uma análise para identificar as reais causas da queda da aprovação do governo Lula.

      É fato que uma das causas da queda na popularidade reside no aumento de preços. Todavia, o governo tem adotado medidas para combater a alta de preços. Zerou o imposto de importação de itens como carne, café, açúcar, milho, azeite de oliva e sardinha. O Plano Safra terá como foco a cesta básica. Os financiamentos do programa de estímulo à agricultura devem priorizar a produção de itens que compõem a cesta básica, com mais impulso a produtores rurais que abastecem o mercado interno.

      Se é verdade que tem havido um aumento no custo de vida, é verdade, também, que o PIB cresceu duas vezes mais que a média registrada entre 2019 e 2022, indo para 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024.

           E em 2024 o Brasil registrou a menor taxa de desemprego nos últimos 12 anos, 6,6%. Desde 2023, mais de 3,2 milhões de empregos formais foram gerados. 

      O salário mínimo voltou a ter crescimento acima da inflação. O Programa Pé-de-Meia criado para garantir a permanência de estudantes de ensino médio em sala de aula, chega a 4 milhões de jovens. 

            O Novo PAC prevê mais de 20 mil obras e ações com investimentos que superam R$ 1,8 trilhão. O governo federal isentou do Imposto de renda 10 milhões de pessoas com renda até dois salários mínimos. E foi enviado ao Congresso um projeto para isentar os que ganham até R$ 5mil a partir de 2026, além de uma gama de outras medidas. 

      Porque tais fatos não têm repercutido entre os entrevistados? 

      Um dado que não pode ser menosprezado é a influência, na pesquisa, da força da ideológica da extrema direita junto a milhões de brasileiros. Tanto assim que, entre os pesquisados, 43% manifestaram a opinião de que o governo Bolsonaro foi melhor do que o governo Lula e 39% acharam que o governo Lula é melhor. 

      Outro fator importante é a aliança entre a grande mídia e as redes sociais da extrema direita no combate a Lula, particularmente em relação à política econômica. É a união dos defensores da política neoliberal que negam os direitos sociais e absolutisam a questão da inflação, menosprezando o desenvolvimento do país.  É evidente que isso impacta na opinião pública.    

      Por outro lado, a pesquisa destaca as dificuldades do governo Lula de colocar em pratica seu projeto. Todavia há que se levar em conta a composição altamente conservadora do Congresso. 

      O Senador Ciro Nogueira (PP PI) nos ajuda a entender o que está ocorrendo. Em evento com investidores promovido pela Legend Investimentos, no dia 31 de março, o senador destacou o papel atual do Legislativo como fator de contenção do governo. Disse que o Congresso vai segurar. Vai ser a contenção até 2026. E que o Congresso está funcionando como dique. Evidentemente, dique contra as proposições do governo Lula. Trata-se de um evidente boicote ao governo e seu projeto. 

      Todavia, o “tarifaço” de Trump fez surgir uma nova realidade no Congresso com a união do governo e oposição para aprovar medidas de resposta à política do governo norte-americano. E Bolsonaro, ao manifestar apoio a essa política se colocando contra os interesses do País, mostrou, mais uma vez, sua real face de traidor da Pátria e deixou claro a mentira de que a Pátria está acima de tudo.  

      Tenho lido e ouvido opiniões que a causa principal da queda nas pesquisas diz respeito à comunicação. Penso que é muito mais do que isso.  

      Na verdade, há uma série de razões para explicar o que ocorre, entre elas o abandono do processo de politização da sociedade, o crescimento do neofascismo e a subestimação da luta de ideias. 

      A extrema direita “politizou” com ideias negacionistas de ódio e violência, formando uma corrente neofascista. Valorizou as redes sociais e investiu pesadamente na luta de ideias.  

      Tenho a opinião de que a questão mais importante para explicar a queda na aprovação do governo Lula diz respeito à Guerra Cultural. Ela conquistou a as mentes das pessoas para uma visão de mundo reacionária e negacionista, que manipula a fé dos fiéis. Através da Guerra Cultural a extrema direita, usando os algoritmos, conseguiu fidelizar milhões de pessoas.  

      Essa situação se torna mais grave com eleição de Trump e o papel exercido por Elon Musk. Esse declarou que as eleições mais importantes do mundo, em 2026, serão as eleições presidências do Brasil. E que ele tudo fará para derrotar Lula. 

      Assim cabe ao governo, aos partidos políticos e aos movimentos sociais desenvolverem uma intensa luta ideológica democrática em torno de um programa   de luta de ideias que, com base nos fatos, demonstre o negacionismo da extrema direita e suas mentiras, visando reconquistar a hegemonia das ideias democráticas e progressistas na sociedade. 

      Além disso, é necessário o governo dar respostas mais audaciosas como a cobrança de impostos aos mais ricos, a criação de uma alternativa de redução das horas de trabalho, entre outras medidas. 

      Outra questão importante, que envolve os partidos políticos e os movimentos sociais, é a necessidade da retomada do trabalho de base, nas periferias, nas fábricas e nas escolas. Há uma série de razões que explicam esse distanciamento. Não cabe aqui analisar essas causas, mas constatar o problema e adotar providencias. 

      A situação é complexa. É necessário que cada democrata e defensor dos direitos sociais faça sua parte. Não é correto colocar toda responsabilidade em cima do governo. 

      As eleições de 2026 serão decisivas para o futuro do Brasil. Por isso mesmo, a análise rigorosa da situação e a adoção de medidas é fundamental para que tenhamos êxito.   

      Hoje o governo lança a Campanha “Brasil dando a Volta por Cima”, onde faz um balanço dos dois anos do governo Lula. Boa inciativa que certamente será acompanhada de uma ofensiva de Lula no contato com o povo, seja através de manifestações explicando o que está ocorrendo seja em viagens pelo país. 

      Estou convencido que medidas serão adotadas. Além das já citadas é essencial a formação de uma ampla frente em torno de Lula. 

      A vitória nas próximas eleições é decisiva para assegurar o aprofundamento do processo de democratização da sociedade brasileira e derrotar o neofascismo. 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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