TV 247 logo
    Valter Pomar avatar

    Valter Pomar

    Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

    270 artigos

    HOME > blog

    Que faz o PT no "bloco do Maia"?

    "A decisão na minha opinião é um grave erro. Participaremos de maneira subalterna no bloco de um setor do golpismo, contra outro setor do golpismo", analisa o colunista Valter Pomar

    (Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Acabo de ler um tweet do deputado José Guimarães, anunciando que a bancada do PT acaba de decidir integrar o "bloco do Maia".

    A posição não foi unânime, mas parece ter sido amplamente majoritária.

    Quem se posicionou contra? 

    Sei que parlamentares vinculados à tendência petista Articulação de Esquerda foram contra. Não sei de outros.

    A decisão na minha opinião é um grave erro.

    Erro, em primeiro lugar, porque deveria caber ao Partido e não a bancada decidir a respeito. 

    Mas ao que sei, o DN remeteu o assunto para a CEN que remeteu o assunto para a bancada.

    Erro, em segundo lugar, devido ao mérito. 

    Na prática, participaremos de maneira subalterna no bloco de um setor do golpismo, contra outro setor do golpismo.

    Como diz o tweet de Guimarães, é o PT que passa a integrar o "bloco do Maia". 

    Maia é aquele que, segundo disse recente e corretamente o vice-presidente nacional do PT, Washingon Quaquá, é um dos integrantes da turma do imperialismo, do grande capital, do latifúndio, da Globo.

    Havia alternativa?

    Havia, sempre há. 

    No caso, ter um bloco de oposição e uma candidatura de oposição.

    Mas numa bancada dividida em três partes (os pró-Maia, os pró-Lira e os pró-candidatura de esquerda), prevaleceu o que me parece ser uma "síntese" capenga: participar do bloco do Maia e prometer uma candidatura presidencial do PT ou similar.

    O bloco é para já. A candidatura é promessa.

    Infelizmente, a nota da bancada não fala as coisas claramente.

    O argumento usado para justificar a posição adotada é impedir que Bolsonaro controle a "Casa". 

    Diria eu: controle ainda mais; afinal, entre outras coisas, o "bloco do Maia" sentou em mais de 50 pedidos de impeachment.

    Mas é óbvio que, numa eleição em dois turnos, este objetivo de derrotar a candidatura mais bolsonarista poderia ser alcançado no segundo turno.

    Portanto, a decisão de participar do "bloco do Maia" tem como motivação real e principal buscar garantir espaços na Mesa diretora da Câmara, Comissões e relatorias.

    A nota da bancada não deixa isto claro e não explica por quais motivos estes espaços não poderiam ser conquistados apresentando um terceiro bloco, da oposição de esquerda.

    Seja como for, é um caso clássico de subordinação da tática geral do Partido, a critérios estritamente parlamentares (e, no caso, equivocados). 

    Aquilo que em época muito recente alguns petistas chamaram de "cretinismo parlamentar" e "oportunismo".

    De conjunto, a tática da bancada e outras cositas mais sinalizam que 2021 e 2022 podem virar um biênio terrível para quem é de esquerda.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: