Que show de guerra é esse?
"Netanyahu cada vez mais se parece com um déspota que ninguém consegue parar", escreve Miguel Paiva
Vendo na TV as imagens “espetaculares” das cidades destruídas no Líbano e em Gaza fico pensando no que está sob os escombros. É muita casa derrubada, lares destruídos, bairros inteiros no chão. Sob as ruínas desses edifícios estão vidas inteiras. Móveis, fotos, lembranças, utensílios, roupas, brinquedos e vidas. Sobretudo vidas.
O mundo assiste perplexo e passivo a isso tudo. Que poder tem Israel, ou melhor, Netanyahu para comandar esse massacre? Que interesse tem o mundo nessa guerra para que continue desse jeito desconhecendo as vidas humanas? A guerra da Ucrânia não atrai mais tanta atenção. O poder dos senhores da guerra ali é limitado. A própria Rússia, um desses senhores, está diretamente envolvida. O envolvimento do Ocidente através da Ucrânia é limitado, apesar de ainda vergonhoso. Alimentam a guerra em troca só do lucro.
No Oriente Médio é ainda mais evidente. Os Estados Unidos e a Europa mandam armas, soldados e dinheiro. Na Europa, no século passado, o mundo também assistiu passivamente à ascensão de Hitler e do nazismo. Nenhuma comparação ideológica, mas a História junta os pontos de modo indiscutível. Motivos para Netanyahu não faltam para acabar com o Oriente Médio. O povo de Israel nada tem a ver com essa loucura. É guiado para ela. Netanyahu cada vez mais se parece com um déspota que ninguém consegue parar. E para as potências ocidentais o som do dinheiro entrando é mais forte do que os gritos das vítimas. Crianças morrem sob o nosso olhar emocionado, mas passivo.
Lá se foi o tempo em que as pessoas, as populações, os grupos políticos se reuniam nas ruas para protestar. Hoje até existem protestos aqui e ali. Alguns são grandes, outros insistentes, mas sinto um cansaço generalizado na nossa teimosia e no nosso humanismo que ainda resiste. Temos que continuar lutando. Assistir a isso tudo sem reagir é pior do que uma doença terminal. Vai nos matando, tirando o que nos resta de dignidade e humanidade. Muito triste.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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