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    Arnóbio Rocha

    Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

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    Que tal criar o CHICOSDAY?

    "Celebrar um artista imenso que dialoga com todos os públicos seria uma forma de (re) unir o Brasil", avalia Arnóbio Rocha

    Chico Buarque (Foto: Divulgação)

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    Tem dias que a gente se senteComo quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu A gente quer ter voz ativa No nosso destino mandar Mas eis que chega a roda-viva E carrega o destino pra lá (Roda Viva – Chico Buarque)

    O dia 16 de junho ficou conhecido no meio literário como o Bloomsday, dedicado ao personagem Leopold Bloom, do livro Ulisses, de James Joyce. A saga de Bloom se passa no dia 16.06.1904, há 120 anos, mesmo com controvérsia quanto ao ano em que passou a ser comemorada a data referente ao famoso livro irlandês, mas pelo menos de de 1954 há eventos no mundo, para os iniciados no livro.

    Ora, no 19 de junho o Brasil tem a oportunidade de homenagear um de seus maiores gênios, Francisco Buarque de Hollanda, que esse ano completa 80 anos, com a força e energia que nos faz feliz de sua plena vida.

    Nada mais justo de que se institua a data como o CHICOSDAY, uma oportunidade de as várias gerações que acompanham a rica trajetória de Chico Buarque possa comemorar no dia do seu aniversário, de quarta em diante, talvez ele seja averso ao tipo de comemoração, mas penso que é um dia especial para o Brasil e explico.

    Chico Buarque é uma instituição nacional, é um artista que trafega por vários gêneros com sucesso e qualidade ímpar: Escritor, Dramaturgo, Compositor, Cantor e ator. Desde muito jovem foi construindo uma carreira singular no meio artístico, em que cada novo campo intentado, mais brilha e encanta pela originalidade do que pensa e transforma em arte.

    Chico Buarque tem ainda um mérito mais que especial em sua vida, a extrema coerência pessoal e política com o Brasil, com os valores da brasilidade, o que é uma marca em mais de 60 anos de carreira. Nunca se furtou a defender o povo brasileiro, especialmente os mais vulneráveis, sua obra reflete esse povo em toda sua dimensão e de suas contradições, a sua tragédia humana, como também a sua generosidade e beleza que se fundiu no seu Rio de Janeiro.

    Talvez a música Paratodos, sintetize bem quem é Chico Buarque:

    O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Meu maestro soberano Foi Antonio Brasileiro

    Alinhava suas origens e suas influências pessoais, seus amigos, seus parceiros, seus mestres, sua ancestralidade (pessoal e musical, literária) e de como concebe todas as possibilidades e gêneros musicais brasileiro, em que em soube compreender e traduzir em pelo menos uma centena de músicas inesquecíveis em sua vasta obra.

    O ChicosDay, o dia do Chico, talvez ele prefira, seria uma chance do Brasil se reencontra consigo, olhar para si, apenas a literatura e as artes, podem nos salvar de nós mesmos. Celebrar um artista imenso que dialoga com todos os públicos seria uma forma de (re) unir o Brasil.

    Enquanto isso, em 15 de junho de 2024, Chico Buarque estava nas ruas de Paris, uma espécie de segunda casa, com Carol Proner e Rai, usando as cores e bandeira do Movimento dos Sem Terra (MST) na imensa manifestação antifascista, um sujeito antenado com seu tempo, nada mais artístico e cidadão do que isso.

    Viva, CHICO BUARQUE!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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