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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Recessão ganha mais fôlego na Argentina

Na semana passada, o Banco Mundial piorou a previsão de queda do PIB da Argentina, com o índice de 3,5%. Há dois meses, o organismo previa queda de 2,8%

Javier Milei (Foto: Reuters / Agustin Marcarian )

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A economia argentina deverá registrar queda de 3,5% neste ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Na sua previsão anterior, a expectativa era de retração de 3%. O Fundo, com quem a Argentina está pendurada numa dívida bilionária desde o governo Macri, fez alerta, em seu relatório, divulgado na segunda-feira (17), para os riscos de uma “recessão prolongada” e que poderia “elevar as tensões sociais” no país.

O presidente Javier Milei aplicou ajuste além do exigido pelo organismo, como ele comemora em seus discursos. “Maior ajuste da história”, tem repetido nos encontros com empresários. Na semana passada, o Banco Mundial já tinha piorado a sua previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina, com o índice de 3,5%. Há dois meses, o organismo previa queda de 2,8%. O Banco Mundial atribui esse fato ao ajuste implementado por Milei. Sua ‘motosserra’ resulta nos cortes de orçamento em várias áreas do ‘Estado’ (que ele costuma declarar que pretende “destruir por dentro”).

Os dois organismos, FMI e Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos, informaram que a economia argentina deverá crescer em 2025. Mas falta muito para o ano que vem. Pesquisa divulgada nesta semana indica que 54% dos argentinos acham que sua “capacidade de consumo” é “pior” ou “muito pior” do que há um ano. No levantamento realizado, no início deste mês de junho, pela empresa Moiguer, da província de Buenos Aires, e publicado na imprensa argentina, 56% declararam ter que usar a poupança para pagar os gastos cotidianos. Além disso, quase 40% afirmaram ter que trabalhar mais hoje para conseguir pagar as contas básicas.

Dados oficiais apontam fortes quedas de consumo em todos os setores. A produção industrial despencou 21,2% e a construção desabou 42% no mês de março em relação ao mesmo mês do ano passado. Nesta terça-feira (18), a União Industrial Argentina (UIA) informou que a indústria já acumula retrocesso de 12,4% nos primeiros quatro meses deste ano frente ao mesmo período de 2023. Os dados confirmam que o aumento do desemprego passou a ser ainda mais temido entre os trabalhadores argentinos.

A inflação, que caiu em maio (4,2% no mês), poderia voltar a subir neste mês, de acordo com economistas. O Observatório da Dívida Social (Observatorio de la Deuda Social) da Universidade Católica Argentina (UCA), que é referência neste âmbito, estima que a pobreza crescerá este ano e deverá atingir pelo menos 45% da população argentina. Segundo dados oficiais, o índice de pobreza foi de 39,2% no segundo semestre do ano passado. Não está fácil para muita gente.

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