República de Gana: Desenvolvimento econômico como resultado da estabilidade política
Embora seja uma nação majoritariamente agrária, o Estado ganense é extremamente ativo, orientando o desenvolvimento nacional e firmando parcerias importantes no nível internacional
No ano de 1992, quando o então general Jerry Rawlings, líder do partido único no poder e governante de Gana há quase 10 anos, de maneira unilateral, fundou a quarta república e aprovou uma constituição garantindo o multipartidarismo e eleições naquele mesmo ano, a comunidade internacional duvidou do gesto, aparentemente apenas mais uma manobra para afastar as pressões. Tal perspectiva parecia se comprovar, já que Rawlings venceu as eleições sob protestos e boicote da oposição ao processo eleitoral na eleição seguinte, na qual o presidente foi novamente eleito. No entanto, em 2000, o Rawlings obedeceu à limitação constitucional que permitia apenas uma reeleição e deixou o poder. Seu partido, o Congresso Democrático Nacional (CDN), de orientação social-democrata e fundado durante o processo de redemocratização, foi derrotado pelo candidato John Kufuor, do partido liberal de oposição, o Novo Partido Patriótico. A transição de poder ocorreu sem percalços, inaugurando um período de estabilidade nacional.
Desde então, CDN e NPP têm se revezado no poder, sempre com reconhecimento pacifico do vencedor e embora o congresso seja dominado pelos dois grandes partidos, ocorre a entrada constante de pequenos partidos nas casas legislativas. Os frutos de 30 anos sem conflitos e relativo ambiente democrático possibilitaram à Gana se destacar como um dos países com maior crescimento econômico e redução de pobreza na África.
Embora seja uma nação majoritariamente agrária, o Estado ganense é extremamente ativo, orientando o desenvolvimento nacional e firmando parcerias importantes no nível internacional. O principal produto do país é o cacau, sendo Gana o maior exportador mundial. Para controlar a comercialização internacional do produto, existe uma empresa estatal, que compra o cacau dos fazendeiros locais e então comercializa principalmente para empresas suíças. O petróleo, descoberto profundamente nas águas territoriais do país, também é controlado por uma empresa estatal.
Estes dois setores são responsáveis pela geração de relevantes receitas, que são direcionadas principalmente para um ambicioso plano de educação, visando garantir ensino médio para todas as crianças ganenses. Este ambiente de pacificação nacional, ainda incomum no continente africano, além do aumento da renda da população devido ao aumento da produção de cacau e programas sociais compensatórios, têm atraído investimentos internacionais, principalmente chineses, na área de infraestrutura e modernização da agricultura.
É preciso ressaltar que Gana guarda ainda muitos problemas que precisam ser resolvidos, principalmente com relação à pobreza, desigualdade social, direitos civis e ambientais, principalmente relacionado a atividade mineradora de ouro, que além de ser outro importante setor da economia, está nas mãos de empresas estrangeiras, que exploram a estes recursos sem maiores preocupações com a natureza ou habitantes locais. Mas também é impossível negar os avanços nas áreas socioeconômico, enquanto a estabilidade ganense gera uma importante vantagem para a população local, a oportunidade de debater sobre as melhores opções para gerir o Estado nacional, sem o medo e o receio de conflitos armados, massacres e golpes, tão comuns em regiões do terceiro mundo com grandes depósitos de riquezas naturais.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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