Respostas necessárias ao novo autocrata

A indicação de Alexandre de Moraes para o STF por Michel Temer causou alvoroço e descontentamento à época. Quem diria que seria ele o paladino da defesa da democracia nos últimos anos. O que segurou um pouco o desmonte do Estado brasileiro promovido por Jair Bolsonaro foi nossa Suprema Corte, já que o mandatário entregou o Orçamento ao Congresso Nacional para se garantir no poder, na esteira do que havia iniciado seu antecessor. Tenho ressalvas quanto à natureza monopolizadora de Alexandre de Moraes em assuntos que poderiam ser mais céleres e levados ao plenário da Suprema Corte, mas tem sido interlocutor fundamental na manutenção do Estado democrático de direito no Brasil. Historiadores não concordam com sua assertiva de associar a Independência de 1822 com o fim do colonialismo, mas foi uma robusta resposta à doidivana norte-americana.

Será a Justiça norte-americana a que também freará o ímpeto de Donald Trump em sua política de destruição generalizada? É difícil, dada a composição conservadora atual, mas ela nos dá algum alento pelo que acabou de decidir em relação à Usaid.

Donald Trump nessa e em outras bravatas posa de defensor dos interesses norte-americanos, mas parece nada mais ser que um emissário ou parceiro dos russos, pois está seguindo com rigor a cartilha da KGB. Dívidas com hotéis foram saldadas por magnatas russos, comprou aparelhos de TV de empresa de fachada herdeira da KGB e ainda se beneficiou de um “suposto” ataque hacker de russos na eleição de 2016 que prejudicou sua principal oponente, Hillary Clinton. Quem diria que o macartismo dos anos 1950 seria subvertido e invertido em sua lógica nos tempos correntes. Naquela época, todos os que tinham alguma posição progressista eram considerados comunistas ou espiões soviéticos. Será que o símbolo do capitalismo moderno será a associação fascista imperialista ditatorial, não importando a cor da bandeira? Ou o romance de Trump com Putin é apenas para satisfação pessoal?