TV 247 logo
    Frei Betto avatar

    Frei Betto

    105 artigos

    HOME > blog

    Revolução das consciências

    "A democracia precisa ser libertada de seus vícios conservadores e emancipada da apropriação burguesa. A comunicação é questão de saúde pública", diz Frei Betto

    Celular nas escolas (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

    A Unesco aprovou, em 1976, o Informe MacBride, elaborado por Sean MacBride, Prêmio Nobel da Paz e Prêmio Lenin da Paz, sobre o direito de todos os povos participarem equitativamente dos meios de informação e comunicação. Marshall McLuhan e Gabriel García Márquez o aplaudiram; Ronald Reagan vaiou...

    O Informe adverte sobre os perigos da monopolização midiática, o poder de alguns veículos de impor um modo de pensar, agir, consumir e divertir-se. Como alerta Fernando Buen Abad, tais veículos são verdadeiras usinas de políticos e governos. 

    “O velho mundo morre. O novo demora a nascer” (Gramsci). Hoje, as plataformas digitais são verdadeiras Hidra, o monstro de sete cabeças. E ainda não apareceu um Hércules que possa matá-la. Em minha opinião, as plataformas só deixarão de disseminar seu veneno no dia em que houver uma regulação internacional sob controle do poder público. Enquanto elas detiverem o monopólio privado de manipular informações, a democracia estará severamente ameaçada pelo surgimento de figuras histriônicas e perversas como Bolsonaro, Milei e Bukele, para ficar apenas em exemplos latino-americanos.

    Os governos progressistas raciocinam, em geral, pela lógica do sistema. Centram suas pautas no desenvolvimentismo, como investimentos em infraestrutura, o que amplia os postos de trabalho e melhora as condições de vida da população. Priorizam também o combate à inflação, o aumento dos salários, e o acesso à alimentação, saúde e educação.

    Tudo isso é positivo, mas não suficiente. É preciso algo mais: a revolução das consciências. Sem isso não se forma uma cultura democrática, de respeito aos direitos humanos, à diversidade, e de cuidado do meio ambiente.

    A democracia precisa ser libertada de seus vícios conservadores e emancipada da apropriação burguesa. Não pode perdurar como mero jogo de aparências, refém, de fato, do capital financeiro, ou seja, da minoria rica e poderosa da sociedade. Faz-se imprescindível um trabalho educativo que forme consciência crítica e desperte a sensibilidade indignada frente à opressão, à discriminação e à violência. 

    A comunicação é, hoje, uma questão de saúde pública. Não se pode admitir que os interesses do mercado estejam acima dos direitos da coletividade. E não é com fraseologia de esquerda que vamos politizar o povo. É com método pedagógico e educação crítica. Eis a única forma eficiente de combater as armas de guerra ideológica do neoliberalismo. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados