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    Jeferson Miola

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    Saída antecipada de comandantes é proposital para estimular insubordinação

    Mesmo sem Bolsonaro, as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas continuarão conspirando contra a democracia, avalia Jeferson Miola

    Almir Garnier Santos, Marco Antônio Freire Gomes, Carlos de Almeida Baptista Junior (Foto: Reprodução)

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    Por Jeferson Miola, para o 247

    A saída antecipada dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é mais um capítulo revelador da partidarização e politização das cúpulas das Forças Armadas.

    É, também, uma clara evidência da absoluta falta de profissionalismo e de compromisso dos comandos militares com a legalidade e com a institucionalidade.

    Os comandantes militares demonstraram ostensivamente que se recusam a prestar continência ao presidente Lula, que a partir de 1º de janeiro será constitucionalmente o comandante supremo das Forças Armadas.

    Com este gesto, as cúpulas militares sinalizam que não respeitam a escolha da soberania popular e o poder civil, porque não aceitam a derrota da chapa militar Bolsonaro/Braga Netto em 30 de outubro.

    A naturalização do ocorrido – na imprensa e nos meios políticos – não consegue diminuir, no entanto, a gravidade desta atitude, que significa um estímulo à insubordinação das tropas e a manutenção de um clima de oposição política e de crise militar no governo Lula.

    O objetivo deles com a saída antecipada é justamente o de agir como facção e de transmitir às tropas a sinalização de que militares podem se insurgir contra o governante eleito se não for algum integrante do bando deles.

    De quebra, os militares ainda conseguiram que os generais substitutos dos comandantes desertores fossem escolhidos por José Múcio Monteiro dentre os mais antigos, como se esta escolha estivesse sendo realizada num contexto de normalidade institucional e com oficiais legalistas e profissionais na linha de sucessão, o que é absolutamente falso e irreal.

    A questão militar condicionará a governabilidade do governo Lula. E será, também, fator condicionante para a sobrevivência da democracia.

    As escolhas do governo Lula até o presente para enfrentar a problemática militar, no entanto, a começar pela definição de José Múcio Monteiro como ministro da Defesa, têm preocupado especialistas, estudiosos e analistas, pois embutem riscos relevantes com a preservação de condições propícias à atuação política indevida e ilegal dos militares.

    Mesmo sem Bolsonaro, as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas continuarão conspirando contra a democracia e o Estado de Direito. Os comandantes não desistiram do seu projeto próprio de poder militar, como tampouco abandonaram suas crenças bolsonaristas, golpistas e de extrema-direita e, menos ainda, curvaram-se à Constituição e ao poder civil.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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