TV 247 logo
    Gilvandro Filho avatar

    Gilvandro Filho

    Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

    193 artigos

    HOME > blog

    Sal-gema, Maceió. Um crime imperfeito

    "O oco no subsolo de Maceió deixado com a exploração irresponsável da Braskem, a 'dona' da Sal-gema, sabe-se hoje, é irreparável", diz Gilvandro Filho

    Maceió (Foto: Reprodução (TV Gazeta))

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Maceió vive hoje um quase adeus. 

    A terra de praias lindas e gente de alto astral está afundando na sal-gema, na pasta lamacenta do capitalismo desmedido. 

    A exploração criminosa e inconsequente do minério usada como matéria prima para PVC e soda cáustica, entre outros produtos de 100ª utilidade, mas altíssimo lucro, foi legalizada e iniciada entre 1976 e 77. 

    Vivíamos - ou sofríamos, em muitos casos morríamos, noutros desaparecíamos - uma ditadura militar. 

    O governo estadual era biônico, nomeado pelo ditador de plantão, na época Ernesto Geisel, general do Exército brasileiro. 

    O governador ungido de então era Divaldo Suruagy, de parca memória, que, atropelou todos os pareceres de estudiosos e ambientalistas, contrários à escavação de minas de tal porte em ambiente urbano. 

    O quanto essa inconsequente empreitada trouxe de volta para o povo alagoano, ninguém sabe. Igualmente desconhecida, é a lista de quem levou vantagens financeiras com esta boquinha.

    Se o erro foi de origem, o atentado ao bom senso se dá até hoje. Mais de 1.500 minas foram escavacadas, algumas a apenas dezenas de metros de distância uma da outra. Insanidade ampla, geral e irrestrita.

    O oco no subsolo de Maceió deixado com a exploração irresponsável da Braskem, a "dona" da Salgema, sabe-se hoje, é irreparável.

    O oco de decência aberto pelo caso na economia e na política das Alagoas, com certeza, é irremediável.

    A capital da Terra dos Marechais foi  saqueada, literalmente. Sempre em nome do desenvolvimento, do progresso, do emprego e renda. Resultado: abalos sísmicos não naturais, provocados, dolosos. Um crime praticado por (falsos) líderes empresariais e políticos.

    Como tantos e como dantes, ninguém vai pagar por isso. Nem na bela Lagoa Mundaú, que hoje corre o risco de sumir. Muito menos no Quartel de Abrantes.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: