TV 247 logo
    José Manoel Ferreira Gonçalves avatar

    José Manoel Ferreira Gonçalves

    Cientista político, jornalista, advogado, engenheiro civil e doutor em Engenharia da Produção

    15 artigos

    HOME > blog

    Sem Ordem há Progresso ou Estado?

    (Foto: Reuters)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Lamentável a sorte de uma nação em que uma minoria odiosa e barulhenta consegue enfrentar a mão armada (malandramente enfraquecida) do Estado. Basta de hipocrisia, Ibaneis precisa ter prisão decretada com urgência, e é necessário que Lula suba o tom com os militares, que vêm mantendo a nação sob ameaça desde o golpe de 2016, no qual foram parte grande. 

    Na tarde de 8 de janeiro o Brasil foi escandalizado por imagens absurdas: uma turbamulta ensandecida, focada em uma destruição catártica, há muito acalentada e enfim realizada com arroubo triunfal, vilipendiava simultaneamente as sedes dos três poderes da República.

    Claro está que aquele evento não fora fruto de uma simples revolta que evoluiu para o incoercível. Ao contrário, tratou-se de algo orquestrado, financiado e regido à sorrelfa pela nossa elite do atraso, escravista e cruel.

    Compõe a mitologia nórdica o mito de Fafner, o gigante que, por meios condenáveis, obteve a maior fortuna em ouro jamais reunida e que, uma vez de posse dela, por medo de ser roubado, foi para o meio da selva e se sentou em cima de seu tesouro. 

    Como sabemos, os deuses são construídos à imagem e semelhança humana.

    Essa nossa desairosa elite do atraso, qual Fafner, é capaz dos mais estúpidos artifícios para manter o quinhão que herdou de pilhadores, ancestrais seus, ou para manter o produto da própria pilhagem que pratica.

    Para essa gente, ouvir de governantes que negros existem e são valorosos, que gays, lésbicas, não-binários e assexuados existem e são valorosos é algo que os excita, e os faz reagir.

    Ouvir que o equilíbrio social é tão importante quanto o equilíbrio fiscal é algo que os ameaça. Afinal, essa gente conhece a filantropia, a caridade, a beneficência - em que renunciam a migalhas em troca de honra -, mas quando ouvem falar em distribuição de renda sentem lhes faltar o ar.

    O que se viu no fatídico domingo, me refiro objetivamente a parte visível, era sim da turbamulta em histeria coletiva, mas quem vê cara não vê coração, nada daquilo foi espontâneo. Havia sim uma grande energia negativa naqueles seres, e ela foi detectada, canalizada e usada a favor de interesses, e as pessoas que víamos só puderam ter seu momento catártico por terem sido usadas.

    O reacionarismo é uma potente ferramenta sempre à mão dessa elite, mas quando ele se mostra insuficiente, o fascismo sempre estará à mão e ela não terá qualquer pejo de valer-se dele em nome de Deus, pátria e família. Sequer há qualquer novidade nisso. 

    Em determinado momento da ação, tudo pareceu estar por um triz, sim, mas a democracia brasileira mostrou capacidade reativa. Uma unidade federativa sofreu intervenção, um governador foi afastado, pelo menos mil e quinhentas pessoas foram detidas.

    Por mais indelével que seja a imagem de destruição dos maiores símbolos do país por autoproclamados patriotas, essa batalha está sendo vencida pela parte mais sana e democraticamente constituída. A guerra, porém, continua. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: