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    Marconi Moura de Lima

    Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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    Senador Major Olímpio e a tragédia da República brasileira

    Alguns pontos merecem ser destrinchados neste dia (18), mais um terrível dia na República do Brasil, agora, ao lado das mais de 3 mil famílias que choram suas perdas, também com a morte do Senador Major Olímpio. Vamos aos pontos:

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    Alguns pontos merecem ser destrinchados neste dia (18), mais um terrível dia na República do Brasil, agora, ao lado das mais de 3 mil famílias que choram suas perdas, também com a morte do Senador Major Olímpio.

    Vamos aos pontos:

    1º. Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos do Senador. Por mais divergência que tenhamos com sua escolha civilizatória (e atuação política); jamais, jamais qualquer confronto de ideias republicanas podem ser maiores que o respeito à vida e ao luto das pessoas que perdem um ente querido;

    2º. Major Olímpio é mais uma vítima da COVID-19, todavia, vítima maior ainda da falta de respeito do Presidente da República, Jair Bolsonaro, em não ter comprado as vacinas no ano passado para que já no início deste ano (2021) metade dos brasileiros tivessem sido imunizados, voltando todos à pré-normalidade possível e impedindo as 3.000 mortes diárias (como vemos neste mês – trágico – de março);

    3º. Olímpio foi, sem dúvidas, uma das principais vozes, melhor dizendo: um dos maiores articuladores da eleição do Presidente Bolsonaro. Major da PM, defendia o atual modelo de política, conservadora, pouco republicana e liberal. Seu mandato, tanto o de deputado federal (antes), quanto o de senador (agora) era uma síntese do sistema “BBB” do Congresso Nacional: “Boi, Bíblica, Bala”, sendo a última a que de fato representava o parlamentar;

    4º. Portanto, graças à luta aguerrida e voz sempre altiva (sem recuo) do congressista, Major Olímpio, e de articuladores como Gustavo Bebianno (que também morreu), Luciano Bivar (esse ainda está vivo), políticos tarimbados, além de outros estrategistas (que já romperam com o atual Governo), Bolsonaro tornou-se Presidente do Brasil. Sem a potência do discurso e da narrativa contra o PT e a esquerda proferida diariamente na Tribuna do Congresso por Olímpio, o “Messias” jamais chegaria ao cargo mais importante da República. Repito: jamais!;

    5º. Entretanto, residia alguma coerência no discurso e nas crenças do Major Olímpio. Quando viu o canalha, miliciano, genocida e corrupto do Sr. Messias Bolsonaro, tratou logo de romper com este ser do mal e, da mesma forma aguerrida com que atacava a esquerda, passou a atacar Bolsonaro. Foi mais um dos que, antes de morrer, descobriu o tipo de “homem” que apoiara tão fervorosamente. Embora ainda no PSL, partido que se elegeu e ainda tem em suas fileiras parte da “familícia”, o Senador Olímpio não escondia a crítica ao Governo desgovernado de Bolsonaro;

    6º. Por falar em PSL, é também deste partido que assumirá a cadeira no Senado da República, Alexandre Luiz Giordano, 47 anos de idade, empresário (mexe, entre outras coisas, com mineração). Hummmm! Empresário? Pois é! O cargo de co-senador no Brasil é uma das piores VERGONHAS que existe. O suprassumo do nojo. Vamos entender? Primeiro: um suplente de senador não recebe 1 voto sequer. Repito: não encara o eleitor; não precisa pedir voto; não mostra qualquer proposta. E se assumir o mandato é muitas vezes um “DESCOMPROMISSADO” com qualquer causa obrigatória. Segundo: normalmente, é um filho de político famoso. Exemplo: o Senador Edison Lobão (MA) tinha como suplente seu filho, Lobão Filho (pesquise lá e verá outros). Ou o suplente quase sempre é um homem “de dinheiro”. Terceiro: o fato de escolher um empresário a fim de ser o suplente é para “bancar” a campanha do titular, isto é, investir muita grana e eleger a criatura ao cargo. Quer algo mais pecaminoso à República que isso? Giordano, ao assumir a cadeira do Major Olímpio, ficará como senador (um cargo tão delicado ao País) sem ter tido voto. E ficará até 2027 (6 anos).

    Após trazer todos estes relevantes pontos, é fundamental entendermos certos detalhes que orbitam o pós-mortem do Senador... para vermos a vergonha que precisa ser ressignificada na formatação deste País.

    Ou se aprova uma Proposta de Emenda Constitucional que transforme essa estrutura política, particularmente (nestes pontos citados), para mudar a forma de ingresso no Senado Federal, ou nunca evoluiremos como civilização.

    Ademais, após conhecermos um pouco sobre a importância do Senador Major Olímpio à história recente do República (e a “desimportância” temporária de seu suplente, o novo senador), gostaria de encerrar este texto avocando aquilo que consegui ver de positivo no(s) mandato(s) de Olímpio: sua luta pela política de vacinação da população brasileira contra a Covid-19. 

    Uma pena Olímpio ter morrido sem ver o povo vacinado. Uma pena o próprio Olímpio ter morrido por não ter podido (por culpa do Bolsonaro) ser vacinado. E uma pena, ademais, que Olímpio terá de ver – do alto – possivelmente mais um puxa-saco de Bolsonaro lutar contra a vacinação, talvez (quem viver, verá – a atuação do Alexandre Giordano, do PSL, agora Senador da República).

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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