Sergey Glazyev apresenta o novo sistema monetário e financeiro mundial
Um dos economistas mais influentes do mundo, Glazyev está posicionado como o Ministro responsável pela Integração e Macroeconomia da União Econômica da Eurásia
Sergey Glazyev é um homem que vive bem no olho do nosso vulcão geopolítico e geoeconômico atual. Um dos economistas mais influentes do mundo, membro da Academia Russa de Ciências, ex-assessor do Kremlin de 2012 a 2019, desde outubro de 2019 ele está estrategicamente posicionado como o Ministro responsável pela Integração e Macroeconomia da União Econômica da Eurásia (EAEU).
A recente produção intelectual de Glazyev tem sido impressionante, sintetizada em seu ensaio Sanções e Soberania [versão traduzida ao português disponível aqui ] e uma extensa discussão o novo paradigma geoeconômico emergente, em uma entrevista a uma revista de negócios russa.
Em outro de seus ensaios recentes, Glazyev comenta que
“Cresci em Zaporozhye, perto de onde lutas pesadas acontecem agora para destruir os nazistas ucranianos, que não existiam em minha pequena pátria. Estudei em uma escola ucraniana e conheço bem a literatura e a língua ucraniana, que do ponto de vista científico é um dialeto do russo. Não notei nada russofóbico na cultura ucraniana. Nos 17 anos da minha vida em Zaporozhye, nunca conheci um único banderista.”
Glazyev foi extremamente gentil em reservar algum tempo na sua agenda frenética para fornecer respostas detalhadas a uma primeira série de perguntas, que esperamos que se torne uma conversa contínua e especialmente focada no Sul Global. Esta é sua primeira entrevista com um analista estrangeiro desde o início da Operação Z.
Muito obrigado a Alexey Subottin pela tradução do russo ao inglês.
Você está na vanguarda de um desenvolvimento geoeconômico revolucionário: o projeto de um novo sistema monetário e financeiro por meio de uma associação entre a EAEU [União Econômica EuroAsiática – nota do tradutor] e a China, contornando o dólar americano, o rascunho do projeto a ser concluído em breve. Você poderia antecipar algumas das características deste sistema – que certamente não é um Bretton Woods III – mas parece ser, finalmente, uma alternativa clara ao consenso de Washington, muito próxima das necessidades do Sul Global?
Em um ataque de histeria russofóbica, a elite dominante dos Estados Unidos jogou seu último “trunfo” na guerra híbrida contra a Rússia. Ao “congelar” as reservas cambiais russas em contas de custódia de bancos centrais ocidentais, os reguladores financeiros dos EUA, UE e Reino Unido minaram o status do dólar, do euro e da libra como moedas de reserva global. Esse passo acelerou drasticamente o desmantelamento em curso da ordem econômica mundial baseada no dólar. Há mais de uma década, meus colegas do Fórum Econômico de Astana e eu propusemos a transição para um novo sistema econômico global baseado em uma nova moeda de negociação sintética baseada em um índice de moedas dos países participantes [1]. Mais tarde, propusemos expandir a cesta de moedas subjacentes adicionando cerca de vinte commodities negociadas na bolsa. Uma unidade monetária baseada em tal cesta expandida foi modelada matematicamente [2] e demonstrou um alto grau de resiliência e estabilidade.
Por volta da mesma época, propusemos a criação de uma ampla coalizão internacional de resistência na guerra híbrida pelo domínio global que a elite financeira e política dos EUA desencadearam sobre os países que permaneceram fora de seu controle. Meu livro “The Last World War: the USA to Move and Lose”[3], publicado em 2016, explicou cientificamente a natureza dessa guerra vindoura e defendeu sua inevitabilidade – uma conclusão baseada nas leis objetivas de desenvolvimento econômico de longo prazo. Com base nas mesmas leis objetivas, o livro defendia a inevitabilidade da derrota do antigo poder dominante. Atualmente, os EUA lutam para manter seu domínio, mas assim como a Grã-Bretanha anteriormente, que provocou duas guerras mundiais, mas não conseguiu manter seu Império e sua posição central no mundo devido à obsolescência de seu sistema econômico colonial, estão destinados a falhar. O sistema econômico colonial britânico baseado no trabalho escravo foi ultrapassado pelos sistemas econômicos estruturalmente mais eficientes dos EUA e da URSS. Tanto os EUA quanto a URSS foram mais eficientes na gestão do capital humano em sistemas verticalmente integrados, que dividem o mundo em suas zonas de influência. A transição para uma nova ordem econômica mundial começou após a desintegração da URSS. Essa transição está agora chegando ao fim com a desintegração iminente do sistema econômico global baseado no dólar, que forneceu a base do domínio global dos Estados Unidos.
O novo sistema econômico convergente que surgiu na RPC [República Popular da China – nota do tradutor] e na Índia é o próximo estágio inevitável de desenvolvimento, combinando os benefícios do planejamento estratégico centralizado, da economia de mercado, do controle estatal da infraestrutura monetária e física e do empreendedorismo. O novo sistema econômico uniu vários estratos de suas sociedades em torno do objetivo de aumentar o bem-estar comum de uma forma substancialmente mais forte do que as alternativas anglo-saxônicas e europeias. Esta é a principal razão pela qual Washington não será capaz de vencer a guerra híbrida global que começou. Esta é também a principal razão pela qual o sistema financeiro global atual, centrado no dólar, será substituído por um novo, baseado no consenso dos países que aderirem à nova ordem econômica mundial.
Na primeira fase da transição, esses países voltam a usar suas moedas nacionais e mecanismos de compensação, apoiados por trocas de moedas bilaterais. Neste ponto, a formação de preços ainda é impulsionada principalmente pelos preços de várias transações, denominados em dólares. Essa fase está quase no fim: depois que as reservas russas em dólares, euros, libras e ienes foram “congeladas”, é improvável que algum país soberano continue acumulando reservas nessas moedas. Sua substituição imediata são moedas nacionais e ouro.
A segunda etapa da transição envolverá novos mecanismos de precificação que não referenciam o dólar. A formação de preços em moedas nacionais envolve despesas gerais substanciais, no entanto, ainda será mais atraente do que precificar em moedas “não ancoradas” e traiçoeiras como dólares, libras, euros e ienes. O único candidato a moeda global restante – o yuan – não tomará seu lugar devido à sua inconversibilidade e ao acesso externo restrito aos mercados de capitais chineses. O uso do ouro como referência de preço é limitado pela inconveniência de seu uso para pagamentos.
A terceira e última etapa da transição da nova ordem econômica envolverá a criação de uma nova moeda de pagamento digital fundada por meio de um acordo internacional baseado em princípios de transparência, justiça, boa vontade e eficiência. Espero que o modelo dessa unidade monetária que desenvolvemos desempenhe seu papel nesta fase. Uma moeda como essa pode ser emitida por um pool de reservas monetárias dos países do BRICS, do qual todos os países interessados poderão participar. O peso de cada moeda na cesta poderia ser proporcional ao PIB de cada país (com base na paridade do poder de compra, por exemplo), sua participação no comércio internacional, bem como a população e o tamanho do território dos países participantes.
Além disso, a cesta poderia conter um índice de preços das principais commodities negociadas em bolsa: ouro e outros metais preciosos, metais industriais importantes, hidrocarbonetos, grãos, açúcar, bem como água e outros recursos naturais. Para fornecer suporte e tornar a moeda mais resiliente, reservas internacionais de recursos relevantes podem ser criadas oportunamente. Esta nova moeda seria utilizada exclusivamente para pagamentos transfronteiriços e emitida para os países participantes com base numa fórmula pré-definida. Os países participantes usariam suas moedas nacionais para a criação de crédito, a fim de financiar investimentos e indústrias nacionais, bem como para reservas de riqueza soberana. Os fluxos transfronteiriços da conta de capital continuariam a ser regidos pelos regulamentos da moeda nacional.
Michael Hudson pergunta especificamente, tendo em vista que esse novo sistema permite que as nações do Sul Global suspendam a dívida dolarizada e é baseado na capacidade de pagamento (em moeda estrangeira), se esses empréstimos podem ser vinculados a matérias-primas ou, no caso da China, à propriedade de capital tangível na infraestrutura de capital financiada por crédito estrangeiro não-dólar?
A transição para a nova ordem econômica mundial provavelmente será acompanhada pela recusa sistemática de honrar obrigações em dólares, euros, libras e ienes. Nesse sentido, não será diferente do exemplo dado pelos países emissores dessas moedas que julgaram apropriado roubar reservas cambiais do Iraque, Irã, Venezuela, Afeganistão e Rússia, na ordem de trilhões de dólares. Uma vez que os EUA, a Grã-Bretanha, a UE e o Japão se recusaram a honrar suas obrigações e confiscaram riquezas de outras nações que eram mantidas em suas moedas, por que outros países deveriam ser obrigados a pagá-los de volta e a pagar seus empréstimos?
Em qualquer caso, a participação no novo sistema econômico não será restringida pelas obrigações do antigo. Os países do Sul Global podem ser participantes plenos do novo sistema, independentemente de suas dívidas acumuladas em dólares, euros, libras e ienes. Mesmo que eles não cumprissem suas obrigações nessas moedas, isso não afetaria sua classificação de crédito no novo sistema financeiro. A nacionalização da indústria extrativa, da mesma forma, não causaria disrupção. Além disso, caso esses países reservassem uma parte de seus recursos naturais para o suporte do novo sistema econômico, seu respectivo peso na cesta de moedas da nova unidade monetária aumentaria na mesma proporção, proporcionando a essa nação maiores reservas de moeda e capacidade de crédito. Além disso, linhas de troca bilaterais com países parceiros comerciais forneceriam financiamento adequado para investimentos conjuntos e financiamento comercial.
Em um de seus últimos ensaios, The Economics of the Russian Victory, você sugere “a formação acelerada de um novo paradigma tecnológico e a formação de instituições de uma nova ordem econômica mundial”. Entre as recomendações, você propõe especificamente a criação de “um sistema de pagamentos e liquidação nas moedas nacionais dos estados-membros da EAEU”, e o desenvolvimento e implementação de “um sistema independente de liquidações internacionais na EAEU, SCO [Organização para a Cooperação de Xangai – nota do tradutor] e BRICS, que poderia eliminar a dependência crítica do Sistema SWIFT controlado pelos EUA”. É possível prever um esforço coordenado da EAEU e da China para “vender” o novo sistema para membros da SCO, outros membros do BRICS, membros da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático – nota do tradutor] e nações da Ásia Ocidental, África e América Latina? E isso resultará em uma geoeconomia bipolar — o Ocidente versus O Resto?
Na verdade, esta é a direção para onde estamos indo. Lamentavelmente, as autoridades monetárias da Rússia ainda fazem parte do paradigma de Washington e seguem as regras do sistema baseado no dólar, mesmo depois que as reservas cambiais russas foram capturadas pelo Ocidente. Por outro lado, as recentes sanções levaram a uma extensa busca de consciência entre o resto dos países que não são do bloco do dólar. Os “agentes de influência” ocidentais ainda controlam os bancos centrais da maioria dos países, forçando-os a aplicar as políticas suicidas prescritas pelo FMI. No entanto, tais políticas neste momento são tão obviamente contrárias aos interesses nacionais desses países não-ocidentais que suas autoridades estão ficando justificadamente preocupadas com a segurança financeira.
Você destaca corretamente os papéis potencialmente centrais da China e da Rússia na gênese da nova ordem econômica mundial. Infelizmente, a atual liderança do CBR [Banco Central da Rússia — nota do tradutor] permanece presa no beco sem saída intelectual do paradigma de Washington e é incapaz de se tornar um parceiro fundador na criação de uma nova estrutura econômica e financeira global. Ao mesmo tempo, o CBR já teve que encarar a realidade e criar um sistema nacional de mensagens interbancárias que não dependa do SWIFT, e o abriu também para bancos estrangeiros. Linhas de troca de moeda cruzada já foram estabelecidas com as principais nações participantes. A maioria das transações entre os estados-membros da EAEU já são denominadas em moedas nacionais e a participação de suas moedas no comércio interno está crescendo em ritmo acelerado. Uma transição semelhante está ocorrendo no comércio com a China, Irã e Turquia. A Índia indicou que está pronta para mudar para pagamentos em moedas nacionais também. Muito esforço é feito no desenvolvimento de mecanismos de compensação para pagamentos em moeda nacional. Paralelamente, há um esforço contínuo para desenvolver um sistema de pagamento digital não bancário, que seria vinculado ao ouro e a outras commodities negociadas em bolsa – stablecoins.
As recentes sanções americanas e europeias impostas aos canais bancários causaram um rápido aumento desses esforços. O grupo de países que trabalham no novo sistema financeiro só precisa anunciar a conclusão da estrutura e a disposição da nova moeda comercial, e o processo de formação da nova ordem financeira mundial acelerar-se-á ainda mais a partir daí. A melhor maneira de realizá-lo seria anunciá-lo nas reuniões regulares da SCO ou do BRICS. Estamos trabalhando nisso.
Esta tem sido uma questão absolutamente fundamental nas discussões de analistas independentes em todo o Ocidente. O Banco Central russo estava aconselhando os produtores de ouro russos a vender seu ouro no mercado de Londres para obter um preço mais alto do que o governo russo ou o Banco Central pagariam? Não houve qualquer antecipação de que a próxima alternativa ao dólar dos EUA terá que ser baseada em grande parte no ouro? Como você caracterizaria o que aconteceu? Quanto dano prático isso infligiu à economia russa a curto e médio prazo?
A política monetária do CBR, implementada de acordo com as recomendações do FMI, tem sido devastadora para a economia russa. Desastres combinados do “congelamento” de cerca de US$ 400 bilhões em reservas cambiais e mais de um trilhão de dólares desviados da economia por oligarcas para destinos offshore ocidentais, vieram com o pano de fundo de políticas igualmente desastrosas do CBR, que incluíam taxas reais excessivamente altas combinadas com uma flutuação controlada da taxa de câmbio. Estimamos que isso causou um subinvestimento de cerca de 20 trilhões de rublos e uma subprodução de cerca de 50 trilhões de rublos em mercadorias.
Seguindo as recomendações de Washington, o CBR parou de comprar ouro nos últimos dois anos, efetivamente forçando os mineradores domésticos a exportar volumes totais de produção, que somaram 500 toneladas de ouro. Agora, o erro e o dano que isto causou são muito óbvios. Atualmente, o CBR retomou as compras de ouro e, espera-se, continuará com políticas sólidas de interesse da economia nacional, em vez de “metas de inflação” em benefício dos especuladores internacionais, como foi o caso na última década.
O Fed e o BCE não foram consultados sobre o congelamento das reservas estrangeiras russas. A palavra em Nova York e Frankfurt é que eles teriam se oposto se tivessem sido consultados. Você pessoalmente esperava o congelamento? E a liderança russa esperava isso?
Meu livro “The Last World War” que já mencionei e que foi publicado em 2016, argumentava que a probabilidade de isso acontecer eventualmente é muito alta. Nesta guerra híbrida, a guerra econômica e a guerra informacional e/ou cognitiva são os principais teatros de conflito. Em ambas as frentes, os Estados Unidos e os países da OTAN têm uma superioridade avassaladora e eu não tinha dúvidas de que eles tirariam o máximo proveito disso no devido tempo. Há muito venho defendendo a substituição de dólares, euros, libras e ienes em nossas reservas cambiais por ouro, que é produzido em abundância na Rússia. Infelizmente, agentes de influência ocidentais que ocupam papéis-chave nos bancos centrais da maioria dos países, bem como agências de classificação e publicações importantes, conseguiram silenciar minhas ideias. Para dar um exemplo, não tenho dúvidas de que altos funcionários do Fed e do BCE estiveram envolvidos no desenvolvimento de sanções financeiras anti-russas. Essas sanções têm aumentado consistentemente e estão sendo implementadas quase instantaneamente, apesar das conhecidas dificuldades com a tomada de decisões burocráticas na UE.
Elvira Nabiullina foi reconfirmada como chefe do Banco Central da Rússia. O que você faria diferente, em comparação com suas ações anteriores? Qual é o principal princípio orientador envolvido em suas diferentes abordagens?
A diferença entre nossas abordagens é muito simples. Suas políticas são uma implementação ortodoxa das recomendações do FMI e dogmas do paradigma de Washington, enquanto minhas recomendações são baseadas no método científico e nas evidências empíricas acumuladas nos últimos cem anos nos principais países.
A parceria estratégica Rússia-China parece estar cada vez mais firme – como os próprios presidentes Putin e Xi reafirmam constantemente. Mas há rumores contra ela não apenas no Ocidente, mas também em alguns círculos políticos russos. Nesta conjuntura histórica extremamente delicada, quão confiável é a China como um aliado da Rússia em todas as estações?
A base da parceria estratégica russo-chinesa é o bom senso, os interesses comuns e a experiência de cooperação ao longo de centenas de anos. A elite dominante dos EUA iniciou uma guerra híbrida global com o objetivo de defender sua posição hegemônica no mundo, mirando na China como o principal concorrente econômico e na Rússia como a principal força de contrapeso. Inicialmente, os esforços geopolíticos dos EUA visavam criar um conflito entre a Rússia e a China. Agentes de influência ocidental estavam amplificando ideias xenófobas em nossa mídia e bloqueando qualquer tentativa de transição para pagamentos em moedas nacionais. Do lado chinês, agentes de influência ocidental pressionavam o governo a se adequar às demandas dos interesses norte-americanos.
No entanto, os interesses soberanos da Rússia e da China levaram logicamente à sua crescente parceria e cooperação estratégica, a fim de enfrentar ameaças comuns que emanam de Washington. A guerra tarifária americana com a China e a guerra de sanções financeiras com a Rússia validaram essas preocupações e demonstraram o perigo claro e presente que nossos dois países estão enfrentando. Interesses comuns de sobrevivência e resistência estão unindo China e Rússia, e nossos dois países são em grande parte economicamente simbióticos. Eles complementam e aumentam as vantagens competitivas um do outro. Esses interesses comuns persistirão a longo prazo. O governo chinês e o povo chinês lembram-se muito bem do papel da União Soviética na libertação do seu país da ocupação japonesa e na industrialização da China no pós-guerra. Nossos dois países têm uma base histórica sólida para a parceria estratégica e estamos destinados a cooperar estreitamente em nossos interesses comuns. Espero que a parceria estratégica entre a Rússia e a RPC, que é reforçada pelo acoplamento do One Belt One Road com a União Econômica da Eurásia, se torne a base do projeto do Presidente Putin da Grande Parceria Eurasiática e o núcleo da nova ordem econômica do mundo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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