Setores da esquerda acabam fazendo com o PT aquilo que a Globo, Moro e a Lava Jato não conseguiram
"O antipetismo – às vezes velado ou dissimulado; outras vezes inconsciente – é alimentado não apenas por não-petistas ou integrantes de outros partidos de esquerda; mas, paradoxalmente, é também reproduzido por alguns filiados, militantes, simpatizantes e, inclusive, por parlamentares e dirigentes petistas", diz o colunista Jeferson Miola sobre as contradições presentes no cenário político do país
No debate sobre a eleição de outubro próximo, determinados setores de esquerda com restrições ao PT acabam fazendo, voluntariamente ou involuntariamente, aquilo que nem a Globo, nem Moro, nem Dallagnol e nem a Lava Jato conseguiram, mesmo empregando todos os meios criminosos imagináveis e inimagináveis: proscrever o PT – no caso, esconder o PT na eleição.
O antipetismo – às vezes velado ou dissimulado; outras vezes inconsciente – é alimentado não apenas por não-petistas ou integrantes de outros partidos de esquerda; mas, paradoxalmente, é também reproduzido por alguns filiados, militantes, simpatizantes e, inclusive, por parlamentares e dirigentes petistas.
No último período, o enfrentamento ao fascismo e a luta de resistência democrática e popular criaram um ambiente de convergência e favoreceram uma retórica pró-unidade da esquerda e do progressismo como há quase 2 décadas não se via no Brasil.
Este clamor pela unidade da esquerda e do progressismo na próxima eleição, porém, tem esbarrado em objeções à presença do PT nas chapas majoritárias às Prefeituras.
Os potenciais aliados eleitorais do PT só querem o tempo de TV do PT, só se interessam pelos recursos do fundo partidário do PT, pela militância do PT, pela estrutura do PT, pela capacidade de reverberação social do PT na sociedade; querem o apoio do maior líder popular do país; mas, curiosamente, não querem o PT na chapa majoritária.
Não querem o PT como candidato a vice-prefeito/a, quanto menos como candidato/a a Prefeito ou Prefeita.
Não é o caso, neste breve comentário, de dissertar sobre o antipetismo, suas origens, seu significado e seu valor instrumental para o avanço do fascismo que se alimenta da nomeação do “inimigo” a ser eliminado.
Depois da exposição pública das vísceras da conspiração perpetrada pelo Grupo Globo com a Lava Jato em conluio com o establishment estadunidense, o sistema financeiro internacional e a oligarquia dominante para derrubar Dilma, prender Lula e eleger Bolsonaro, não é crível que setores da esquerda e do progressismo ainda façam profissão de fé no antipetismo.
Hoje, depois de tudo o que se sabe da trama criminosa de Moro, Dallagnol e seus comparsas com a mídia, com agentes da PF, com desembargadores do TRF4, com ministros do STJ e STF para corromper o sistema de justiça do Brasil para viabilizar um projeto de poder fascista e promover a mais brutal rapinagem da renda e das riquezas nacionais, o esporte do antipetismo ou é produto de alienação, ou de desinformação, ou de pura hipocrisia, ou de inocência útil ou de má-fé.
Cada um que escolha uma das opções deste cardápio indigesto para se reconhecer.
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