Sobre o adiamento do julgamento de Zambelli
Há algum pecado ou perseguição política no fato de o ministro ter pedido vistas?
Aguardemos a convocação de um ato em Copacabana pelo impeachment do ministro Nunes Marques. Não será na Paulista porque, aos finais de semana, tem mais gente na praia. Não, espere… neste caso, não haverá nenhuma voz a se levantar no Senado Federal ou nas redes sociais. Afinal, a decisão de Marques — que, diga-se, não é meu parente — beneficiou justamente aqueles que não gostam do jogo dentro das regras democráticas.
Há algum pecado ou perseguição política no fato de o ministro ter pedido vistas ao processo em que a deputada Carla Zambelli é julgada por sacar uma arma de fogo e perseguir um jornalista negro pelas ruas de São Paulo? Claro que não. A Constituição Federal de 1988 e o regimento do Supremo Tribunal Federal amparam a atitude de Nunes Marques. E aqui não cabe questionar o fato de ele ter sido indicado por Bolsonaro. Isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que existem regras e, desde que elas sejam respeitadas, está valendo.
O que não é aceitável é quem fez o que fez em 8 de janeiro agora posar de tiazinha do zap. O que não é aceitável é um dos estrategistas da tentativa de golpe — golpe, aliás, anunciado pelo próprio ao afirmar que precisaria apenas de “um soldado e um cabo” para fechar o STF — fugir do país, seguir atacando as instituições e achar que está tudo bem. E cabe a pergunta: afastado do mandato, Eduardo Bolsonaro segue tendo a proteção da tal imunidade parlamentar para falar as merdas que fala?
Mas o ponto principal é que esse pedido de vistas — que pode representar o adiamento por até 90 dias — feito por Nunes Marques no julgamento de Carla Zambelli, mesmo que ele não seja o indicado “terrivelmente evangélico”, manda um recado claro para os ingênuos e desavisados de boa-fé que ainda se prestam a boi de piranha para a família: prestem atenção, os processos no STF estão correndo dentro das raias da normalidade impostas pela legislação vigente.
Logo, não há perseguição política nas medidas adotadas pela Corte. Vitimizar-se diante das decisões que serão tomadas pelos ministros, por exemplo, no julgamento de Jair Bolsonaro e outros pela tentativa de golpe de 8 de janeiro, é mimimi de golpista. Portanto, de criminoso. Não se sustenta na análise de todo o processo. Por mais superficial que seja essa análise.
E só para constar: esse julgamento adiado pelo pedido de vistas de Nunes Marques está 5 a 0 pela condenação de Zambelli à prisão por mais de cinco anos e três meses.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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