SOS! Vão desligar o supercomputador do INPE!
Jornalista Leonardo Stoppa faz referência à possibilidade de o INPE desligar, por falta de verbas, um supercomputador chamado Tupã, usado na previsão do tempo. No Brasil, diz o colunista, "o gerador coloca o preço, o governo vai comprando, do mais barato para o mais caro". "Tudo que parece uma grande besteira é uma oportunidade de nos arrancar mais dinheiro", acrescenta
Já houve um tempo em que “todas estradas levavam a Roma”, hoje, todas evidências nos levam ao óbvio: estamos aceitando que nos façam de idiotas para que nos arranquem até o último centavo! No mesmo dia em que Bolsonaro liga pros Estados Unidos e compra uma passagem para uma brasileira dar um “rolê” na Lua, o nosso Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais anuncia não ter verbas para manter ligado o computador responsável pelo gerenciamento de dados fundamentais para o controle dos nossos recursos hídricos.
Mas, “Recursos hídricos pra quê? Eu não tenho barco!” Certamente é o que diriam agora os globais que protagonizaram o vídeo do Movimento Gota d’água, um dos responsáveis pela crise que vivemos hoje, mas não! Não é assim que você toma decisões em um país de 210 milhões de habitantes! Como bem disse Otto Alencar: “cada um no seu lugar!” Como essa coisa de ator da Globo dando aula de “Engenharia e energia verde” já nos custou caro, vamos encarar com seriedade o que estamos vivendo hoje e entender a importância do gerenciamento dos recursos hídricos e o que está por trás dos motivos para desligar o supercomputador do INPE...
Já estamos vivendo o “racionamento” e a razão para pagarmos 20% a mais na eletricidade é exatamente a falta de recursos hídricos para gerar energia elétrica. Quando não temos água nos reservatórios, precisamos gerar com fogo! Fogo é queima de gás, carvão, óleo combustível e até o óleo diesel, que custa caro e polui muito o meio ambiente. E onde entra o supercomputador? Explico na sequência, mas já adianto que não é como combustível, ainda que o governo Bolsonaro esteja tentando jogá-lo na fogueira...
A principal fonte de geração de energia no Brasil é a hidrelétrica. Além das famosas usinas como Itaipu e a polêmica Belo Monte, temos diversas usinas espalhadas pelo Brasil e a grande maioria delas possui reservatórios de água. Nosso sistema elétrico é quase todo interligado, então, todas essas usinas contribuem juntas para o fornecimento da energia elétrica consumida no Brasil. Quem controla quais, quando e quanto cada usina vai gerar é o ONS – Operador Nacional do Sistema, que vai monitorando o consumo e ajustando a produção em tempo real para que geração e consumo estejam sempre dentro de um limite de segurança.
A informação crucial para o barateamento da energia é a quantidade de água que existe em cada reservatório. Para que o ONS tenha estimativas importantes como quanto da água liberada por uma usina acima vai chegar na usina abaixo, é preciso levar em conta que a água aumenta quando chove, diminui por evaporação além de muitas outras variáveis envolvidas como o consumo rural e urbano, enfim, não é um trabalho para uma pessoa usando uma calculadora científica (por mais avançada que ela seja!) Estamos falando de um país com área de 8.516.000km2, então acredite, é preciso sim um supercomputador!
Mas se o tal supercomputador é assim, tão importante para a geração de eletricidade, como cogitam desligá-lo para poupar eletricidade? A coisa parece absurda, até porque é contraditória. Seria como dizer: “Vou desligar o gerador de energia para poupar energia”. Tudo que parece uma grande besteira é uma oportunidade de nos arrancar mais dinheiro. Como naturalizamos a ideia de que um bando de idiotas chegou ao poder, recebemos notícias do tipo “fim do horário de verão”, “campanha por abstinência sexual”, “Mia Khalifa microbiologista” e “desligar o computador do INPE” como delírios fascistas, mas a falta de água nos reservatórios é o cenário perfeito para que especuladores donos de usinas termelétricas ganhem muito dinheiro.
Como não podemos simplesmente desligar a luz no Brasil por falta d'água, a regra pra momentos de escassez hídrica é comprar a eletricidade, custe o quanto custar! No Brasil a energia é comercializada em mercado livre: o gerador coloca o preço, o governo vai comprando, do mais barato para o mais caro. Este mecanismo é definido como “despacho econômico de energia”, e tem por regra a contratação por menor custo e a segurança energética. Quando acaba a água nas geradoras hidrelétricas e todas as geradoras térmicas estatais já estão produzindo em máxima capacidade, é hora do operador perguntar “quanto custa?” para os geradores privados. Alguns exemplos desses empreendedores são Joesley Batista e Romero Jucá, aquele do grande acordo nacional... Como o Brasil não tem opção, tem que pagar o preço estipulado pelos especuladores da produção de eletricidade...
É tudo combinado: Bolsonaro não pensou no sono do “cidadão de bem” quando acabou com o horário de verão, assim como nenhum administrador de sistema, em sã consciência, desligaria o computador responsável por gerenciamento do sistema. Neste momento de anarquia na política, em especial pela falta de legitimidade de um presidente fabricado pela banda podre do judiciário, todos se aproveitam para tirar uma casquinha e nosso dinheiro vai pro Jucá, pro Joesley e até pra NASA, já “aqui embaixo, onde as leis são diferentes”, faltam empregos, não tem dinheiro pra auxílio emergencial e vai ficar 20% mais caro ligar “o meu Sansuí Garrard Gradiente” pra me lembrar que “no entanto, não há galinha em meu quintal...”. SOS!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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