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    Ediel Ribeiro

    Jornalista, cartunista e escritor

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    Spacca, identidade: desenhista

    “Sempre usei o desenho para ganhar as pessoas. É chantagem pura”

    Caricatura de Ziraldo feita por Spacca (Foto: Crédito: autor)

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    Rio - O lançamento do livro ‘90 Maluquinhos por Ziraldo’, em São Paulo, foi uma parada muito louca. Eu estava no livro com um punhado de jornalistas, escritores e cartunistas, homenageando Ziraldo.

    Foi lá que conheci o Spacca. Eu já era fã do trabalho dele. A caricatura do Ziraldo que ele fez pra mim, naquele dia, me impressionou. Com meia dúzia de traços ele desenhou o mestre, igualzinho.

    Dali, fomos, eu, Edra, Spacca, Ricardo Soares e Gonzalo Cárcamo bater papo e tomar uns chopes nos botecos de São Paulo.

    Acabamos a noite no Pirajá, o boteco mais carioca de São Paulo.

    João Spacca de Oliveira nasceu em Tatuapé, São Paulo, num dia de chuva, em 1964, filho do projetista arquitetônico, João Batista e da professora Verônica Spacca, cresceu lendo as histórias do Tio Patinhas, Mônica e assistindo ao programa ‘História do Desenho Animado’.

    Spacca é cartunista, quadrinista, ilustrador, desenhista, roteirista de HQ, compositor, gaitista, vocalista - chegou atuar como intérprete do cantor Cazuza no espetáculo ‘Rosas Roubadas’ e em uma banda chamada ‘Dalissensa’, como letrista e vocalista - e astrólogo bissexto.

    Começou a carreira como ilustrador, na agência de publicidade Young & Rubicam, aos 15 anos de idade, criando storyboards para filmes publicitários. Em 1983, depois de concluir os cursos de desenho e comunicação visual - formou-se em Comunicação Visual pela FAAP - foi trabalhar na produtora Briquet Filmes, onde animava o personagem Bond Boca, dos comerciais do enxaguatório bucal Cepacol.

    Antes, aos 10 anos, através da revista MAD, conheceu o trabalho de Geandré, Nani, Mariza e vários outros cartunistas brasileiros. Nesta época, teve os primeiros contatos com a obra do Henfil, na ‘Revista do Domingo', do ‘Jornal do Brasil’.

    Decidido a se tornar desenhista, o menino viu a oportunidade ao ler nos jornais uma notícia sobre o Salão de Humor de Piracicaba.

    “Na hora, com 12 anos, quis participar do Salão de Humor. Mandei trabalhos e não fui sequer exposto, mas fui lá com meu pai. Vi aqueles desenhos expostos, que eu percebia que eram muito bons, que eram para adultos, e que eu ainda não conseguia fazer, mas fiquei encantado. Posso dizer que apesar de ser um desenhista nato, o humor foi sendo construído, fui querendo aprender como é que se fazia, e tentando imitar esse pessoal aí. Os mestres das HQs e das artes, os cineastas Steven Spielberg, John Huston, David Lean e outros foram as minhas inspirações” - diz.

    Dono de um humor refinado e certeiro, Spacca estreou como cartunista em 1985, no ‘Pasquim’, com uma página inteira com seus cartuns, publicados pelo Jaguar. Fã do Ziraldo, um dia, já profissional, Spacca estava num cliente e surgiu um problema: era preciso fazer uma alteração numa ilustração do Ziraldo, mas não havia tempo para mandá-la para o Rio. Ele disse que poderia fazer o retoque, desde que o autor autorizasse. Ligaram. Ziraldo respondeu: “É o Spacca? Pode fazer”.

    Confiou. Nem quis ver como ficou.

    Também em 85, ganhou um concurso para novos talentos do jornal ‘Folha de S. Paulo’, para o qual passou a desenhar charges políticas, função que desempenhou por quase uma década. Também criou ilustrações para o suplemento infantil ‘Folhinha’. Na ‘Folha de S.Paulo’ herdou o quadrado de charge na página de opinião, até então feita por Claudius Ceccon e Paulo Caruso. Ficou até 92, alternando o espaço, dia sim, dia não, com o cartunista Glauco Villas Boas. Em 1995, deixou o jornal e parou com charge.

    Foi colaborador do jornal “Pícaro!’, do portal 'Observatório da Imprensa" e das revistas de histórias em quadrinhos ‘Níquel Náusea’ - de 1987 a 1995 - e ‘Front’. Atuou também como ilustrador de livros infantis. Em 1990, produziu uma historinha curta sobre o desenhista Walt Disney e a criação do Zé Carioca.

    Ganhou o Troféu HQ Mix três vezes: duas como melhor desenhista (2005 e 2007) e uma como melhor roteirista (2005). Ainda em 2005, conquistou o primeiro lugar na categoria charge no Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

    Foi um dos quadrinistas convidados para o álbum MSP 50, em que diversos autores recriam personagens de Maurício de Sousa; e para o livro “90 Maluquinhos por Ziraldo”, em homenagem aos 90 anos do cartunista mineiro.

    Publicou pela Cia. das Letras "Santô e o Pais da Aviação"; "D. João Carioca - A Corte Portuguesa chega ao Brasil (1801-1821)"; "Debret em viagem histórica e quadrinhesca ao Brasil"; "Jubiabá" (adaptação do romance de Jorge Amado) e a adaptação do livro "As Barbas do Imperador, D. Pedro II", a história de um monarca em quadrinhos de Lílian Schwarcz.

    Atualmente, mora em Mogi das Cruzes (SP) e cria charges para o site ‘Observatório da Imprensa’.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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