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    Daniel Quoist

    Daniel Quoist, 55, é mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

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    STF e Bolsonaro se merecem. O Brasil é que não os merece

    Nosso STF é uma vergonha. Isso já sabemos de há muitos anos. Seus integrantes se alinham com posturas partidárias com a desfaçatez e facilidade com que participam de festas, coquetéis, jantares e churrascos com políticos enrolados até o pescoço em processos à espera de seu julgamento

    (Foto: EVARISTO SA)

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    As últimas declarações presidente Bolsonaro são de cair o queixo. Não nos devia deixar nem espantados nem perplexos porque sabemos de suas limitações culturais, linguísticas, éticas. E, agora, vemos limitações ou desvios mentais. 

    Dizer ao ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, durante coletiva de imprensa com veículos de comunicação estrangeiros, em café da manhã no Palácio do Planalto, de que este “não deveria tratar bem os estados nordestinos, em particular os Paraíbas e o Maranhão”, é um típico crime de lesa-Constituição, e lesa-Pátria. 

    Há  muito sabemos que o Presidente da República deveria ser o primeiríssimo a zelar pelo bem-estar, a harmonia e bom entrosamento dos 26 estados e do Distrito Federal que compõem a estrutura federativa do Brasil. Mas é isso que ele ao invés de fazer, trata de desfazer sempre que pode!

    É profundamente deprimente observar que o Brasil não mais dispõe de instituições solidamente democráticas e menos ainda comprometidas com o estado democrático de direito. 

    A falta de arcabouço moral do nosso Supremo Tribunal Federal resta evidente por não ter imediatamente se reunido e lançado uma NOTA OFICIAL a toda a sociedade brasileira repudiando  mais essa diatribe do presidente Jair Bolsonaro, e informando que o está “chamando aos carretéis” para se explicar, momento em que acenaria com sua disposição de abrir procedimento de Impeachment tão logo venha a ser provocado por instâncias político-partidárias. Claro, agora assim seria de se esperar de um colegiado que se desse o devido respeito e fosse cônscio de sua missão primordial que é a de zelar pelas cláusulas pétreas de nossa Constituição.

    Mas seria assim que uma Corte Suprema com altivez agiria. 

    E não, se manteria acoelhada, acovardada por seus membros estarem mancomunados na luta partidária, se darem bem com os holofotes de uma mídia hegemônica, confraternizasse com o governo de plantão visando auferir vantagens para seus familiares, como indicação para filhos como desembargadores, ou se mostrasse chantageada pela banda podre do Exército que, a todo momento acena com tropas e tanques nas ruas, caso a Corte tivesse brios de fazer prevalecer o devido processo legal no caso mais clamoroso — e já vergonhoso mundialmente — que vem desnudando o cinismo e vista grossa do STF ante o mais famoso preso político do país — LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA.

    Nosso STF é uma vergonha. Isso já sabemos de há muitos anos. Seus integrantes se alinham com posturas partidárias com a desfaçatez e facilidade com que participam de festas, coquetéis, jantares e churrascos com políticos enrolados até o pescoço em processos à espera de seu julgamento. Sabujice parece ser a vestimenta que no imaginário popular bem poderia ser sinônimo das longas togas pretas “com detalhes godê” em alguns deles.

    Os fatos até este momento divulgados pelo bom jornalismo praticado pelo The Intercept eivam de suspeição juízes como Luiz Fux, sempre pedante e venal e que motivou o parcialismo então juiz caipira e deslumbrado Sérgio Moro a cunhar a expressão “In Fux We Trust”; Luiz Fachin, aquele que o procurador Deltan Dallagnol não hesitou em festejar com o já famoso brado adolescente do “Uuhuu ahhaa, o Fachin é nosso!” E, mais recente, mas não por último, Luiz Barroso, aquele do “convescote altamente discreto, sigiloso, e sem alarde algum”. 

    Três Luizes, três sinas, três anti-juizes, por assim dizer. Faltam ainda aparecer na quadrilha, para lembrar o famoso poema de Carlos Drumond de Andrade, a Rosa, a Carmemcita, o Alex Moraes. Não por acaso os seis que agrilhoam o STF ao rodapé da história jurídica do país que seria contar nos próximos anos. O que de escabroso se descobrirá de cada um deles? Não há um excesso de podridão moral em nosso Supremo?

    O que o Brasil pode esperar de ministros de uma Suprema Corte que mostram-se tão venais e à inteireza, de corpo e alma, nos contatos escondidos das redes sociais como o Telegram é que já é moeda corrente nos grupos de “procuradores”do que deveria ser Justiça novas cafundós da República do Paraná? 

    As sandices do Jair Bolsonaro altiva, ora contra o povo nordestino, ora contra os que passam fome, ao dizer reiteradamente num mesmo dia que “eles não existem no país”, ora contra a integridade e a preservação de nossas riquezas naturais, ora fazendo pouco caso das verdades incontestáveis da nossa história, como por exemplo negando inúmeras vezes a existência de tortura e assassinatos durante o regime militar, ditadura militar que oprimiu o povo brasileiro, isso tudo já deveria ter motivado o STF (por capenga e fragilizado que esteja ante os olhos da Nação), o Conselho Federal da OAB e diversas outras entidades representativas da sociedade brasileira como a CNBB, a ABI, a Transparência Brasil, os partidos políticos em geral, a FENAJ, a darem um basta, a esbravejarem em amplo e bom som, que os limites todos da ética e bom senso foram há muito extrapolados por Jair Messias Bolsonaro.

    Esse STF e Jair Bolsonaro se merecem em gênero, número e grau. 

    Cinismo, cartas marcadas, cafajestagem, conluios, injustiças patentes, aleivosias, tudo parece caminhar de mãos dadas.

    Triste Brasil, infelizes brasileiros.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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