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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    Tal como no passado, Bolsonaro usa a vitimização para manter base de admiradores

    'É um perigo dar voz e espaço ao inelegível', escreve a jornalista Denise Assis

    Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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    Documento. Foto: Reprodução

    Vai entender a cabeça dos adoradores de fascistas. Bolsonaro declarou durante um podcast, na noite da segunda-feira (24/3), o “Inteligência Ltda”, que a despeito da sua situação de passar de denunciado a réu, na tarde de ontem (26/03), arrecadou em Pix junto aos seguidores a quantia de R$ 140 mil, apenas com um apelo que fez durante a sua participação, conforme noticiou o portal Metrópoles.

    O fato só nos alerta sobre o perigo de dar voz e espaço para o inelegível. A cada aparição, ele tenta manter a sua base unida com choramingos e a vitimização.

    A história lembra o acontecido em 23 de junho de 1975, quando o general Golbery do Couto e Silva passou por uma cirurgia na Espanha, para reparar um “descolamento de retina”, e recebeu de um morador da Rua Camurim, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a quantia de CR$ 20,00 – o que quer que isso representasse na época. O humilde trabalhador descreveu a ajuda como “referente a um dia do meu salário” para auxiliar no “seu pronto restabelecimento”.

    É preciso não esquecer que o general – que recebeu a patente apenas depois de reformado, como é de praxe nas Forças Armadas -, foi um dos maiores e mais temidos auxiliares dos ditadores.

    Cabia a Golbery, por exemplo, despistar as famílias de presos e desaparecidos com evasivas ou versões mentirosas a respeito dos seus paradeiros. Costumava reuni-los para dizer que fulano nunca esteve nas dependências de uma unidade do Estado, ou que tinha sido detido, mas conseguira fugir. Por esses e outros serviços, era chamado de “eminência parda” dos verdugos da ditadura.

    Para o ex-mandatário, a nova leva de doações via Pix recebidas por ele ao longo dos últimos dias desta semana seria uma demonstração de que o “povo gosta” dele, reproduziu o portal.

    O ex-presidente ainda lembrou que, em 2023, recebeu doações em Pix que superaram o valor arrecadado pela tradicional campanha “Criança Esperança”. A estimativa é de que ele tenha recebido R$ 17 milhões.

    Quanto a Golbery, o doador justificou assim o seu gesto, encaminhando o mimo através do então “presidente” Geisel: “Acredite, senhor presidente, que este meu gesto é fruto da minha consciência, pois o Brasil seria cada vez maior, se todos os seus filhos compreendessem que é (sic) graças a homens como o general Golbery, que o Brasil se levantou do berço esplêndido em que dormia”.

    Vai entender...

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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