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    Leopoldo Vieira

    Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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    Temer, o enquadrador-geral da República

    Recordista histórico nacional e conjuntural mundial em impopularidade, contrariou o wishful thinking permanente à esquerda, conspirações midiáticas à direita e se manteve no Palácio do Planalto derrotando não uma, mas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República

    Presidente Michel Temer no Palácio do Planalto 15/12/2017 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Leopoldo Vieira)

    O ano de 2017 tem três grandes vencedores: o ex-presidente Lula, o deputado Jair Bolsonaro e o presidente Michel Temer.
     
    Lula manteve-se líder em todos os cenários eleitorais para o ano que vem, apesar da desvantagem no noticiário, denúncias, condenação em primeira instância e marcação da data de sua condenação em segunda. Na verdade, além da resiliência na liderança presidencial, reduziu sua rejeição ao patamar histórico dela e aumentou sua aprovação. Não será nenhuma surpresa se aparecer, no primeiro semestre, exatamente após 24 de janeiro, em hipótese de vitória no primeiro turno.
     
    Jair Bolsonaro resistiu a todas as bolhas de outsiders e, sendo o mais autêntico deles, segurou sua segunda colocação nas intenções de voto, com inteligentes movimentos ao centro, colocando o radicalismo populista de direita onde nunca esteve.
     
    Mas Michel Temer não ficou atrás.
     
    Recordista histórico nacional e conjuntural mundial em impopularidade, contrariou o wishful thinking permanente à esquerda, conspirações midiáticas à direita e se manteve no Palácio do Planalto derrotando não uma, mas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República.
     
    A despeito deste cenário, aprovou uma reforma trabalhista inédita (sem entrar no mérito), alterou o sistema informal de escolha da PGR, indicou um político para a suprema corte, exonerou o mais longevo diretor da Polícia Federal e negociou com o Congresso Nacional, às claras, com todos os detalhes que o sistema político nacional permite.
     
    Temer colocou sob suas rédeas o PSDB e não perdeu o protagonismo para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mesmo após as denúncias. Administrou politicamente os interesses do mercado, mantendo-o dependente da gestão. Do alto de condições muito adversas, nomeou ministro da articulação política um deputado abertamente ligado a Eduardo Cunha, prócer do Impeachment de Dilma Rousseff, Carlos Marun, e segue em marcha para aprovar a Reforma da Previdência no retorno do ano legislativo.
     
    Ela é uma questão decisiva para a estratégia de Temer e seu núcleo, pois disputam a condição de interlocutor central para reger o candidato do governismo e da centro-direita. Acreditando firmemente na hipótese de vencer as eleições de 2018, já deixou claro, por meio do ministro Meirelles e do senador Jucá, que um tucano só terá chance a esta vaga se defender o governo.
     
    Mas o mais inusitado e ousado apareceu em reportagem Temer se encontrou com cúpula da Globo para discutir delação e reforma, da Folha de São Paulo deste dia 21.
     
    Em encontro reservado com João Roberto Marinho, em São Paulo, propôs que o sistema da emissora mudasse sua maneira de cobrir o governo federal, haja vista que, segundo o presidente, muitas coisas nas delações são "inconclusivas" e citou como exemplo o caso em que a Globo foi envolvido de suposto pagamento de propinas para transmissão de jogos da FIFA, juntamente com cartolas da CBF em delicada situação penal.
     
    Como se sabe, a Globo não conseguiu ver deposto o governo Michel Temer, pelo que fez campanha aberta em seus veículos após o áudio controverso dos donos da J&F, parte da delação premiada que também complicou a vida do ex-PGR Rodrigo Janot que, por pouco, não teve sua prisão pedida pela CPI da JBS.
     
    E o argumento presidencial é semelhante, haja vista que Raquel Dodge enviou para o RJ um pedido de investigação da emissora carioca protocolado pelos partidos de oposição, mas nada impede que uma comissão parlamentar em Brasília queira investigar o veículo, a partir do que os resultados, após uma sequência de prováveis escândalos, teriam de ser apurados pela PF e pelo MPF.
     
    Um xeque-mate, em mais uma façanha inacreditável de Temer.
     
    Por isso que se diz que impossível é aquilo que ninguém foi lá e fez.
     
    O exemplo vale para os 6% que aprovam a gestão e todo o resto que a desaprova, principalmente para os que preferem racionar politicamente na zona de conforto, terreno conhecido e dentro da caixinha de sua predileção.
     
    Temer só não consegui enquadrar a recessão e o desemprego, duas coisas que terão muita voz e voto em 2018, reduzindo drasticamente a margem para um candidato reformista liberal.
     
    Um Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todas e todos.
     
    PS: Aqui vai um glossário que julgo imprescindível para 2018: 1) Outsiders = não players do establishment até a ascensão; biografias legitimadas fora do sistema político e seu modus operandi; 2) Centro =  os mais moderados à direita e à esquerda.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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