Trump: euforia de Milei, cautela de Petro e preocupação cubana
"A euforia de Milei e do mercado financeiro é oposta, por exemplo, à atitude de Gustavo Petro", escreve Marcia Carmo
O presidente da Argentina, Javier Milei, comemorou quase como própria a eleição de Donald Trump à Casa Branca. Até às 15h20 desta quarta-feira, Milei tinha tuitado e retuitado na rede social X (ex-Twitter) 43 mensagens para seus 3,5 milhões de seguidores. A conta é administrada por ele mesmo. Entre as postagens, o presidente argentino aparece como um leão, abraçando um sorridente Trump. O felino e a motosserra, que explicita os cortes no Estado, foram os símbolos da campanha de Milei à Casa Rosada.
Num rápido encontro com o americano, no início do ano, o argentino lhe disse que torcia pelo seu retorno à Presidência dos Estados Unidos. Milei agora pretende ser um dos primeiros a desembarcar em Washington para a posse de Trump em janeiro do ano que vem. “Parabéns por sua incrível vitória eleitoral. Você sabe que pode contar com (o apoio) da Argentina. Parabéns e bênçãos”, escreveu no X. Milei ainda acrescentou o slogan de Trump: ‘Make America Great Again’ (MAGA).
Milei também tentava, nesta quarta-feira, ser um dos primeiros presidentes a falar, telefonicamente, com Trump. O argentino é fã do ex-presidente e o bajulou, ostensivamente, naquele encontro, em fevereiro em Maryland. Ele também é fã do empresário Elon Musk, que participou, saltitante, do palanque de Trump e anunciou a distribuição de um milhão de dólares, por dia, aos eleitores. Milei e Musk, que já tiveram três encontros pessoalmente, se falaram nesta quarta, logo cedo. O argentino espera que a Argentina conte com apoio dos Estados Unidos para receber investimentos e novos recursos do FMI – atualmente, o país já está pendurado numa dívida bilionária adquirida na gestão do ex-presidente Macri. É preciso ver se esse apoio eufórico de Milei será traduzido em resultados reais para seu país. Hoje os títulos públicos da Argentina dispararam. A euforia de Milei e do mercado financeiro é oposta, por exemplo, à atitude de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia. “O povo estadunidense expressou sua vontade e ela deve ser respeitada. Parabéns Trump pela vitória”. Mas, em seguida, ressalvou, recordando as bandeiras agressivas do americano contra a imigração (e promessa de deportações em massa) especialmente dos latino-americanos : “A única maneira de fechar fronteiras é com a prosperidade dos povos do sul e o fim dos bloqueios”. Com a eleição de Trump, o fim do bloqueio econômico contra Cuba, que já dura mais de seis décadas, parece mais distante. A preocupação com o aquecimento global (que Trump e Milei negam) entra em terreno mais delicado ainda. E muitos estarão de olho no papel da China, principalmente na nossa América Latina.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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