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    Jacqueline Muniz

    Antropóloga e cientista política. Professora do bacharelado de Segurança Pública da UFF. Gestora de Segurança Pública

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    Ufa, mais um plano golpista lambão!

    'Há muita gente anti patriótica para dividir a fatura do pré-golpe e o bolo das benesses do pós-golpe!', escreve a colunista Jacqueline Muniz

    Polícia Federal, urna eletrônica e Jair Bolsonaro (Foto: ABr)

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    Começo a achar que a incompetência militar para assuntos de defesa e segurança, a mediocridade intelectual para conspirar, o simplismo político para tomar o poder e a arrogância masculinista-infantil de setores do oficialato brasileiro foram uma benção durante o Regime da Esculachocracia Bolsonariana.

    Afinal, conspirar, matar, desaparecer com pessoas e vestígios dá muito trabalho. E a ditadura civil-militar brasileira nos mostrou isso muito bem, mantendo viva e necessária a nossa demanda por verdade, justiça e reparação. Não basta acordar com vontade de matar e chamar uns "parças" para resenhar e com-fabular como se estivessem indo para um pagode no condomínio do militar mandachuva. Tomar o poder para valer é trabalho que não acaba mais! Há muito serviço sujo para fazer e precisa de bastante mão de obra recrutada. Há muitas lealdades, muitos patrocínios e silenciamentos para construir. Há muita gente para dividir a fatura do pré-golpe e o bolo das benesses do pós-golpe!

    O plano "punhal verde e amarelo" (?) para assassinar o presidente e o vice eleitos, com ministro do "Supremo e tudo", tal como noticiado até agora, é, ao mesmo tempo, cômico, lambão e trágico. Não tinha, de partida, como dar certo, além de humilhar e rebaixar um pouco mais o mundo da caserna e conquistar uma ficha criminal e uma cadeia para cada conspirador.

    Como por de pé uma conspiração premium e exclusive do "é nóis na fita só com nóis mesmo", sem combinar com os establishment religioso, político, jurídico e econômico nacional que autoriza ou "diz que pode" e escolhe "de que jeitinho tem que ser o golpe", como o ocaso do Temer, por exemplo?  Como sair por aí para matar o comando eleito do país sem ter o aval de quem garante os meios e a sustentação do atentado "em nome da pátria"? “A praça é Nossa” ou os “Trapalhões” faria uma comédia de maus costumes melhor!

    Como por de pé esta conspiração do "vamu-que-vamu" que "agora vai" sem negociar o apoio internacional de quem manda? Como fazer este plano "pegar no tranco" desconsiderando a própria incapacidade de plena mobilização e adesão militares, as reações da sociedade civil e a resistência popular diante da resiliência nacional que o acampamento LULA LIVRE demonstrou?

    As investigações da PF permitiram um show de striptease do desvario de quem é adicto do receituário de Cloroquina e de Viagra, e que, ainda, estuda em almanaques militarescos dos anos 1960. Até para fazer golpes e contragolpes a formação militar recebida se mostrou felizmente caduca e incapaz.

    Os pintos de feira auriverdes de alta patente, garoteados como KIDS, piaram grosso e exibiram peitos de pombo lá na sala do Tiozão e nas fofocas do Zap. Performaram como Gogo Boys nos acampamentos e na predação patriótica do 8/1. Tratou-se somente de mais uma sessão literária de Moral e Cívica para agradar certos generais feitos por inércia das patentes que caem no ombro automaticamente? O que vinha depois da sonhada matança do novo comando da nação? Qual era o passo seguinte da alucinação?

    Esses traidores da democracia poderiam ter, ao menos, a decência de serem criminosos de "responsa" e "com moral de homem", assinando os seus BOs de cara limpa, como faz a bandidagem do andar de cima do crime organizado. Eles poderiam evitar passarem vergonha a vista e a crédito no clube VIP dos conspiradores, apresentando uma "conspiração" frustrada, porém factível para a tomada efetiva do poder, e que não fosse o delírio da degola por quem nem aprendeu a matar um frango para o almoço de domingo.

    Conspirar, matar e tomar o poder dá muito trabalho. E esse pessoal não está acostumado a trabalhar e nem de serviço extra gosta! E aqui a sua vagabundagem assalariada e com arma teve enorme mérito. O grande susto que tivemos com a revelação de mais um plano golpista se fez acompanhar de um forte alívio: Ah, são estes lambões fardados de sempre? Eles só conseguiriam mesmo ter um soluço ou um arroto tático-operacional em pátio de quartel. Que a PF siga batendo nas portas anti patrióticas em nome do Estado Democrático de Direito e com o devido processo legal na mente e no coração! Sem anistia.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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