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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Um país cada vez mais armado

    A cada dia que passa, daqui até as eleições, e principalmente depois, é preciso ter cuidado extremo diante da quantidade de armas em mãos radicais

    (Foto: ABr)

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    Por Eric Nepomuceno, para o 247

    O cada vez mais ensandecido Jair Messias pode, sim, apresentar ao menos um número de crescimento vertiginoso: um de seus fetiches mais incensados, os CACs, grupos que reúnem colecionadores de armas, atiradores profissionais e caçadores, explodiu desde sua eleição, em 2018.

    Em meio à incessante campanha a favor de distribuir armas para “as pessoas de bem”, leia-se os seus seguidores mais radicais, Jair Messias fez com que esse número experimentasse um formidável – e assustador – aumento de 474%. Se em 2018 o Brasil tinha 117.467 CACs, no dia primeiro de julho agora esse número chegou a 673.818.

    Isso significa que a quantidade de pessoas registradas como CACs aproximou-se muito rapidamente da soma das polícias militares estaduais (406 mil espalhadas Brasil afora) e das próprias Forças Armadas (360 mil em atividade). 

    Com Jair Messias existem dois milhões e 800 mil armas registradas como “acervo particular”. Uma bestialidade. Os CACs abrigam 957 mil e 300 armas. Outras 692.500 pertencem a cidadãos que obtiveram autorização legal (amplamente facilitada pelo governo) para ter ou portar armas.

    Os números foram divulgados numa reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, que pode ser chamado de tudo menos de comunista.

    O ultradireitista desequilibrado defende que “o povo armado jamais será escravizado”. Também diz que ter uma arma significa poder proteger não apenas os familiares, mas o patrimônio do “cidadão de bem”.

    Curiosamente, o próprio Jair Messias foi assaltado uma vez, e os gatunos levaram sua moto e sua arma. Será que ninguém lembra disso? Ou será esta a prova mais palpável de que Jair Messias nunca foi um “cidadão de bem”?

    Por tabela, também se multiplicaram as lojas de armas e, claro, os clubes de atiradores.

    Espalhados pelo Brasil existem hoje 2.066 clubes de tiro, muitos deles batizados como “Patriotas do Brasil” ou um ridículo e assombroso “Pátria Armada Brasil”.

    Esse pessoal tem a intenção de eleger, em outubro agora, uma bancada representativa no Congresso. Já foram anunciadas 34 candidaturas a deputado federal, senador e governador, todas vinculadas à Associação Pró-Armas, o bando mais poderoso do setor.

    Para as câmaras estaduais já são outros 23 candidatos, e a tal Associação anunciou que pretende criar um partido político.

    Esta é parte da herança tenebrosa que Jair Messias deixará ao que restar deste pobre país.

    As reiteradas menções à necessidade de defender a pátria do “perigo comunista” tem como alvo direto Lula da Silva, que para Jair Messias e seus asseclas é, muito mais que adversário, um inimigo a ser eliminado ao preço que for. 

    Então, o que temos pela frente é isso: tensão e mais tensão. A cada dia que passa, daqui até as eleições, e principalmente depois, é preciso ter cuidado extremo diante da quantidade de armas em mãos radicais.

    Lula será sempre, vale repetir, o alvo principal. Mas também serão alvos não apenas seus seguidores, mas todo aquele que enxergar em Jair Messias o que ele é: um ser abjeto, abominável, que precisa ser urgentemente expurgado não apenas da política, mas da vida pública, rumo a uma cela de cadeia ou a uma enfermaria de manicômio. 

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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