Um passo para uma História melhor

Em um país com uma vergonhosa tradição de opressão aos direitos das mulheres, a reação do presidente da República às denúncias de atos inaceitáveis por parte de um ministro de Estado, acusado de assediar colegas de governo para obter favores sexuais, representa um passo histórico em direção a um mundo mais digno, no qual brasileiras e brasileiros merecem viver.

Com séculos de violência cotidiana contra as mulheres, em uma sociedade que nasceu da escravização de populações indígenas e fez fortuna com o cativeiro de comunidades trazidas à força da África, a opressão feminina sempre foi um elemento constante na paisagem social.

Graças a um sistema intrinsecamente desigual, que utilizava a violência bruta para assegurar a submissão da parte inferiorizada, sem distinção de hora e lugar, esse universo sem limites morais garantia conforto e prazer para aqueles no lado privilegiado de uma das sociedades mais desiguais do mundo. À outra parte, restavam a humilhação e o conformismo.

Ao enfrentar, com firmeza e sem hesitação, a responsabilidade de identificar e punir um ministro acusado de comportamento vil e criminoso, Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou uma clara e corajosa compreensão das responsabilidades com uma nação de mais de 200 milhões de pessoas, em que as mulheres constituem pouco mais da metade da população.

Imediata e fulminante, sua reação exemplar deve servir como um horizonte permanente para uma sociedade onde a igualdade entre todos — e todas! — é a única opção de civilização aceitável.

Ao assumir a responsabilidade de afastar um ministro acusado de tamanha barbaridade, que agora terá de prestar contas à Justiça, Lula deu uma contribuição valiosa ao questionar, a partir de sua autoridade, uma realidade dolorosa e sofrida por milhões de mulheres brasileiras.

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