Um singelo reconhecimento ao Ministro Salomão do CNJ
"O Ministro Salomão serviu ao Estado democrático de direito ao ser fiel aos princípios republicanos", escreve Kakay
“Até cortar nossos próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
Clarice Lispector
Nós, advogados, somos forjados na luta e na contestação. O Juiz, em regra, está em um patamar que nos cabe questionar. Impugnar. Enfrentar. Quando tratamos com juízes desonestos, material e intelectualmente, como no caso do juiz Sérgio Moro e de seus procuradores adestrados da Operação Lava Jato, as dificuldades são muito ampliadas. Penso que é um dever de Justiça registrar a importância da atuação do Ministro Luís Felipe Salomão, enquanto Corregedor do Conselho Nacional de Justiça. Sério. Corajoso. Independente. Enfrentando, como seria natural, divergências internas no próprio Conselho. O Judiciário vive encastelado. A regra é se proteger. Moro e seus companheiros da 13ª Vara só foram audaciosos, até chegarem à tipificação penal, por terem o Tribunal Regional da 4ª Região a cumprir um papel não republicano.
O Ministro Salomão serviu ao Estado democrático de direito ao ser fiel aos princípios republicanos. Simples assim. Mas, na verdade, nada é simples. Requer uma independência que cabe a advocacia registrar. Não falo, e nem poderia, em nome de nenhum grupo. Sou só advogado, mas dediquei meus últimos anos ao enfrentamento da instrumentalização realizada pela República de Curitiba, a qual humilhou o Judiciário e o Ministério Público. Pode não valer de nada, mas fica o meu registro de admiração pela coragem do enfrentamento. E os que se serviram e servem dos malfeitos do Judiciário não se regozijem da saída do Ministro Salomão. O Ministro Mauro Campbell, que assume a Corregedoria, tem a mesma honestidade e os mesmos caráter, independência, coragem e disposição.
Um brinde a um novo Poder Judiciário. Com a mensagem poderosa da poeta Cecilia Meireles: "Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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