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    Nêggo Tom

    Cantor e compositor.

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    Um supermercado chamado Brasil

    O atual gerente do supermercado chamado Brasil, é o maior incentivador do desprezo pela vida das pessoas. Que morram quantos forem necessários, mas a economia não pode parar

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    A morte de um representante de vendas, dentro de uma filial da rede Carrefour em Recife, é mais um recorte da política genocida adotada pelo governo Bolsonaro. O atual gerente do supermercado chamado Brasil, é o maior incentivador do desprezo pela vida das pessoas. Que morram quantos forem necessários, mas a economia não pode parar. Pelo menos, até que último sobrevivente dessa barbárie institucional dê o seu último suspiro de produtividade.

    Enquanto o corpo do trabalhador foi coberto por guarda-sóis e posto entre tapumes, caixas de papelão e engradados de bebidas, a loja seguiu com o seu funcionamento normal. O estabelecimento estava cheio, clientes faziam suas compras, o lucro estava sendo garantido e o ser humano que ali havia perdido a vida, era apenas um detalhe. Um detalhe insignificante demais para fazer com que o gerente da loja baixasse às portas, em respeito ao ser humano que acabara de vir a óbito.

    Nesse momento social e econômico em que o país se encontra, a banalização da vida não faz parte de uma política de gestão adotada apenas pelo Carrefour. O desprezo pela vida e a valorização da morte, é um dos pilares de sustentação do projeto neoliberal de Paulo Guedes e da ideologia bolsonarista. Possivelmente, se questionado fosse pelo fato de manter a loja em funcionamento, mesmo com um cadáver dentro de suas dependências, o gerente diria que lamentava o ocorrido, mas a vida tinha que seguir.

    E como exigir que uma empresa interrompa suas atividades por causa de um funcionário morto, se o chefe da nação gostaria de manter o país funcionando normalmente, apesar das mais de mil mortes diárias por conta da covid 19? É tão difícil assim entender que, o discurso genocida de Bolsonaro é um salvo-conduto para a prática da desumanidade em todas as esferas da nossa sociedade? Fomos reduzidos a um supermercado, onde somos tratados como produtos expostos na vitrine, para dar lucro ao empresariado cúmplice da política fascista do atual governo. 

    O capitalismo, que já é assassino por natureza ideológica, ganha requintes de crueldade com a política neoliberal de Paulo Guedes, somada a ignorância do gerente do supermercado, digo, do presidente da república, cuja insanidade é vista como lúdica por seus adoradores e subestimada pela oposição, que ainda não levou a sério a necessidade de afastá-lo do cargo imediatamente. Bolsonaro usa o “morrer para salvar a economia”, como uma ressignificação piorada do “Ame-o ou deixe-o” cunhado pela ditadura militar.

    Ao invés de guarda-sóis, Bolsonaro cobre as centenas de milhares de mortos pelo vírus que ele se recusa a combater como deveria, usando a bandeira do Brasil e a falácia de um patriotismo histriônico, que não passa de um embuste.  Basta hastearem a bandeira americana na sua frente, que ele já sai prestando continência abanando o seu rabo fogoso e dizendo “I love you” Bolsonaro é uma figura autoritarista, que, se mantendo no poder por mais tempo, implementará o totalitarismo que ele sempre sonhou impor ao povo e a seus opositores.

    Será o terror institucional promovendo a sua ideologia antidemocrática, utilizando a doutrinação militar como solução política, arma de contenção da oposição e para fortalecimento de sua governabilidade. Já vimos isso no pós guerra, no golpe de 1964 e veremos também no pós pandemia, se o bolsonarismo não for erradicado junto com o vírus. Bolsonaro dá todas as pistas do que pretende fazer para se manter no poder. A começar pelo estímulo do culto a sua imagem, saindo às ruas em plena pandemia, para ser saudado pelo povo.

    Emprego do terror, a ideia de uni partidarismo, criação de escolas cívico-militares, censura a classe artística, militarização das instituições, centralização do poder, criação de inimigos internos ou externos, são mais do que indícios de que a intenção é romper com a democracia e com o livre pensamento, sob a égide do nacionalismo para proteger o país do comunismo, do marxismo, do socialismo, dos extras-terrestres, das bruxas, dos magos e do escambau de Harry Potter. Mas, ainda há quem caia nesse papo furado. Por isso, a resistência precisa ser redobrada.

    Do contrário, sempre teremos um corpo estendido no chão do supermercado, enquanto o capitalismo assassino e totalitário assegura o lucro para os seus adoradores.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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