Uma receita para um país saber envelhecer
Ao procurar algo escrito sobre a imigração portuguesa no pós-revolução dos Cravos e a chegada de alguns retornados que vieram ao Brasil me deparei com uma joia de texto de uma tese de doutorado da Dra. Beatriz Kaori Miyakoshi Lopes
Ao procurar algo escrito sobre a imigração portuguesa no pós-revolução dos Cravos e a chegada de alguns retornados que vieram ao Brasil me deparei com uma joia de texto de uma tese de doutorado da Dra. Beatriz Kaori Miyakoshi Lopes, intitulada: Os desafios do Japão, a primeira sociedade super-envelhecida. Envelhecimento, declínio populacional e a condição das mulheres japonesas.
Apesar da gentileza da autora a permitir que seu fantástico texto seja reproduzido parcialmente ou totalmente, desde que as devidas referências de origem sejam feitas, só copiarei um parágrafo completo que mostra a importância do assunto, não farei nem um resumo, pois o texto total é tão bem escrito, concatenado, que comecei a lê-lo e só parei exatamente no fim, logo após o parágrafo colocarei farei mais alguns elogios ao trabalho para motivar mais leitores de um conteúdo de tanta qualidade.
“Chegar ao estágio de uma sociedade super-envelhecida é uma prova de sucesso para um país, pois esta transformação apenas ocorre quando há uma longevidade e qualidade de vida significativamente elevadas. De acordo com a Teoria da Transição Demográfica, como será visto neste trabalho, este é o destino que aguarda todos os países. Este fenômeno caminha de mãos dadas com o desenvolvimento de um país. A tendência é de que todos os países que caminham nesta direção vivenciar este processo. O Brasil não está distante de chegar a este patamar, como censos recentes vêm demonstrando. Juntamente com a China e a Turquia, o Brasil é um dos países em desenvolvimento com projeção de rapidamente tornar-se um dos países com maior quantidade de idosos. Se nações desenvolvidas, que já apresentam estabilidade econômica, política e social, estão enfrentando dificuldades, surge uma preocupação em relação aos países em desenvolvimento. Torna-se essencial para nós, brasileiros, entendermos a fundo sobre este processo e analisarmos os desafios dos países no topo do ranking, como é o caso do Japão, que possui a primeira sociedade super-envelhecida”.
O texto na sua introdução, da qual retirei o parágrafo acima é curta e completa, não faz nenhuma enrolação, característica de trabalhos acadêmicos que procuram preencher a falta de um trabalho consistente com citações a diversos autores para mostrar erudição, a autora que nas próximas 150 páginas preenche desde uma ligeira abordagem de termos técnicos e principalmente na descrição do que venha a ser o envelhecimento das populações com as principais características e com uma descrição da Teoria da Transição Demográfica. Após esse capítulo, nos dois seguintes ela escreve sobre a situação japonesa e as políticas que os governos japoneses dizem que vão fazer (e na verdade não fazem). Todo o texto do início ao fim, a autora baseada em sólida bibliografia ela não tem o mínimo medo de como deve uma TESE DE DOUTORADO colocar opiniões fortes e bem baseadas sobre o assunto.
Nas considerações finais a Doutora Beatriz Kaori Lopes resume suas conclusões com traços fortes e enfáticos, deixando de lado a tentativa de relativizar o produto do seu excelente trabalho.
Como disse a autora no parágrafo do seu texto por mim colocado acima “...O Brasil não está distante de chegar a este patamar,...”, logo a importância de entendermos a necessidade de criarmos condições para que haja igualdade de gênero e não cairmos em armadilhas culturais é algo que deveremos aprender com os erros dos japoneses.
Só para provar que li com atenção e não estou fazendo simplesmente elogios gratuitos, na figura 33 acho que há um erro no título, coisa que deve ter sido culpa de algum estagiário descuidado ou do seu orientador que encantado com o trabalho não se deu conta, mas não compromete em nada o conjunto da obra.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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