Uma situação explosiva
O capitalismo como modo de produção já não consegue mais subsistir através da produção e venda de mercadorias; está sobrevivendo artificialmente
O blog do FMI publicou esta semana um artigo chamando atenção de todos para uma nova tendência ao crescimento do endividamento mundial. Após um pequeno declínio durante a pandemia, a tendência deste ano é voltar a crescer.
O capitalismo como modo de produção já não consegue mais subsistir através da produção e venda de mercadorias; está sobrevivendo artificialmente através da chamada “fuga para frente”. O colapso de 2008 revelou os monopólios grandes demais para falirem e o governo norte-americano os salvou despejando trilhões nas suas mãos. A riqueza social está sendo saqueada pelos banqueiros internacionais através do endividamento dos Estados nacionais. A dívida pública se tornou o grande instrumento da burguesia mundial repassar a conta para toda população. Pois quanto maior o dinheiro direcionado para o pagamento da dívida, menos dinheiro para os serviços essenciais da população, tais como saúde, educação, transporte.
No começo do ano, inclusive, quando estourou uma crise nos EUA devido à necessidade do governo da expansão da dívida para dar conta dos pagamentos correntes. Biden ameaçou que não conseguiria pagar as contas; essa semana, a segunda maior cidade da Inglaterra, Birmingham, decretou falência. No Brasil a realidade é ainda pior, pois aqui praticamos a maior taxa de juros do mundo, ou seja, somos aqueles que melhor remuneram os especuladores mundiais. Enquanto a pobreza e o desemprego aumentam.
Roberto Campos Neto segue as ordens do imperialismo. E o recado do BIS, banco central dos bancos centrais, é claro: aumentar ainda mais os juros para conter a inflação. A burguesia imperialista em crise está disposta a retirar ainda mais as condições do povo para ganhar cada vez mais para si. Eles não escondem: os trabalhadores vão querer aumento de salário e não podemos deixar, dizem; por isso, defendem uma política deliberada para aumentar o desemprego mundial.
Entretanto, essa política esbarra na situação geopolítica mundial. Como o imperialismo conseguirá manter-se internamente se seus gastos com a guerra aumentam dia a dia? Como o imperialismo enfrentará um conflito mundial estando ameaçado por um levante da classe operária dentro de casa?
A situação é crítica e complexa. Mas o imperialismo não tem muitas opções. Precisa combinar neoliberalismo ainda mais duro, aumento cada vez maior da dívida pública para financiar a guerra mundial em marcha.
Para dar a exata dimensão do tamanho do buraco que o imperialismo está metido, vejamos a evolução da dívida pública nos EUA.
O patamar da dívida atual já é maior do que os EUA tinham no ápice da Segunda Guerra Mundial!
Sendo que o conflito mundial neste século está apenas começando. E já se desenham frontes de conflitos em várias partes do globo. EUA, Europa e Japão estão aumentando ano a ano os gastos militares, apontando para a eclosão de um conflito de grandes proporções. Mas estes gastos conforme a evolução do conflito se desenvolva, tenderá a aumentar cada vez mais.
Ou seja, a crise da dívida que já está explodindo agora se tornará insustentável diante do acirramento militar.
Contudo, eles não podem contornar o conflito militar. O imperialismo não pode aceitar uma divisão democrática do poder. E não tem alternativa política capaz de melhorar as condições de vida da população. Pelo contrário, só pode gerar ainda mais miséria.
O impasse é total. O imperialismo irá para a guerra, mas os seus pés são de barro.
A guerra mundial levantará o coveiro do imperialismo: a classe operária mundial. O capitalismo está com seus dias contados.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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