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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Ustra tem 47 mortes nas costas

    "Não dúvida de que as torturas e as mortes foram autorizadas, estimuladas ou acobertadas por Ustra, quando não foi ele mesmo a participar das sessões inquisitoriais até deixar o posto, em dezembro de 1974", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "Mesmo Ustra estando morto, os 47 assassinatos jamais sairão de suas costas"

    Coronel Carlos Brilhante Ustra (Foto: Agência Brasil | Divulgação)

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    Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    Relatório confidencial do II Exército mostra que, entre 1970, quando foi criado e agosto de 1974, 47 pessoas foram assassinadas nas dependências do DOI-CODI/SP. O comandante nesse período era o tenente-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, considerado ídolo e herói nacional pelo atual presidente da República. Havia DOI-CODIs em quase todas as capitais brasileiras.

    Em pesquisa na internet encontrei dois relatórios.

    O primeiro está identificado como RPI no.12/73 II Exército e se intitula “Relatório de Estatísticas do DOI/CODI/SP” Refere-se a dezembro de 1973 e traz a seguinte tabela até 31/12/1973:

    Presos: 1812

    Encaminhados ao DOPS: 722

    Encaminhados a outros órgãos de segurança: 172

    Liberados: 872

    Mortos: 47

    O segundo relatório (deve haver outros, pois eram mensais) revela números até 31/8/1974:

    Presos: 2025

    Encaminhados ao DOPS: 760

    Encaminhados a outros órgãos de segurança: 177

    Liberados: 1038

    Mortos: 47

    Embora a causa mortis não conste dos relatórios, é óbvio que foram causadas pelas torturas colocadas em prática sistematicamente nesse e nos demais órgãos de repressão do Exército, da Marinha e da Aeronáutica durante o governo do general Emilio Garrastazu Medici.

    Também não há informações acerca do que foi feito com os cadáveres.

    Não dúvida de que as torturas e as mortes foram autorizadas, estimuladas ou acobertadas por Ustra, quando não foi ele mesmo a participar das sessões inquisitoriais até deixar o posto, em dezembro de 1974.

    Mesmo Ustra estando morto, os 47 assassinatos jamais sairão de suas costas.

    (Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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