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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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Vitória da esquerda na França é um sopro de esperança por um novo caminho progressista

A Nova Frente Popular tem todas as condições para formar governo com seu programa antineoliberal, escreve o editor internacional do Brasil 247

Manifestantes celebram na Praça da Repíblica, Paris, o triunfo eleitoral da esquerda (Foto: Reprodução redes sociais)

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Por José Reinaldo Carvalho - As eleições parlamentares de segundo turno na França trouxeram uma surpreendente reviravolta política, uma clara rejeição às forças reacionárias da extrema direita, com uma derrota adicional do presidente Emmanuel Macron que defraudou as expectativas do povo francês ao fazer um governo conservador, neoliberal e antipopular em toda a linha. O máximo que conseguiu foi salvar os móveis no sinistro que abalou as estruturas de sua residência.

A esquerda obteve uma vitória contundente, embora sem maioria absoluta, consolidando-se como a principal força política do país. Em contraste, a extrema direita sofreu uma derrota acachapante, demonstrando que o eleitorado francês não está disposto a aceitar políticas fascistas.

A inexistência de uma maioria absoluta cria um cenário político incerto, abrindo espaço para manobras, pressões e negociações. Com a Nova Frente Popular (NFP) alcançando até 199 cadeiras, Macron até 169 e a extrema direita até 143, o parlamento francês se tornou um campo de batalhas políticas intensas.

Venceu a tática da frente popular que do primeiro para o segundo turno se alargou e se transformou na “frente republicana”, reunindo a esquerda, diferentes setores progressistas, centristas e de centro direita. A tática demonstrou ser um método eficaz para frear a extrema direita. A barragem contra o fascismo funcionou, mostrando que o povo francês reage vigorosamente diante de semelhante ameaça fascista. 

A Nova Frente Popular chega ao primeiro posto da vida política nacional com a maior bancada na Assembleia da República, portando um programa radicalmente antineoliberal, o que significa um sopro de esperança para as amplas massas populares, os deserdados, os despossuídos, oprimidos e explorados, abrindo a perspectiva de justiça social numa sociedade cada vez mais excludente.

A extrema direita, em sua habitual retórica destemperada, alega que o que ocorreu foi a aliança da vergonha e da desonra. No entanto, afirmamos que foi a aliança possível da virtude que abriu caminho para salvar a honra da França. A vitória da esquerda não é apenas um triunfo eleitoral, mas um claro recado de que os valores progressistas da igualdade prevalecem sobre as políticas e ideologias retrógradas.

O futuro, porém, ainda é incerto. Três cenários são possíveis: 1) um governo minoritário da esquerda; 2) manobras e pressões de Macron para impor um primeiro-ministro mais próximo a ele do que aos seus pares da Nova Frente Popular, para formar uma coalizão arrancando concessões da esquerda; e 3) um governo técnico. 

O presidente da República tem a obrigação institucional de indicar um primeiro-ministro da força vencedora, a Nova Frente Popular que pode sim, assumir o governo com o programa vitorioso, mesmo sem maioria no Parlamento. As demais forças políticas adversárias, ainda que fazendo oposição, têm a obrigação de não atirar a França na ingovernabilidade e no caos político. A extrema direita foi derrotada mas segue com força política e está disposta a prosseguir sua ofensiva antidemocrática e antissocial. 

O povo francês mostrou que está disposto a lutar por um futuro melhor. Estão criadas as possibilidades para a França trilhar um caminho progressista. 

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