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    Toninho Kalunga

    Ex-vereador do PT em Cotia. Foi coordenador Estadual de Formação Política do Diretório Estadual do PT/SP. Cristão católico ligado aos Orionitas no Santuário São Luís Orione

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    Zezinho de Jandira e a busca pela verdade, pela paz e pela Justiça

    Os que mataram Zezinho serão derrotados e o esquecimento será o destino de todos eles

    Zezinho, Dr. Paulinho, Paulo Texeira e Toninho Kalunga (Foto: Divulgação)

    Nestes últimos três dias estive na ALESP e em Jandira representando o mandato do deputado Simão Pedro em razão do primeiro ano da memória do companheiro e irmão de fé, Zezinho!

    Eu e Simão Pedro fomos grandes amigos do nosso camarada Zezinho. Fui eu que apresentou o Zezinho para o Simão.

    Hoje faz exatamente um ano que estávamos em Jandira vendo o corpo de Zezinho martirizado.

    Zezinho foi um profeta e um grande camarada das nossas lutas. Faz muita falta sua presença em nosso meio. Contudo, suas esperanças e inspirações continuam a nos acompanhar na caminhada.

    Conheci Zezinho no início dos anos 90 quando fazíamos militância política pelo movimento estudantil. Eu em Cotia, ele em Jandira.

    Zezinho sempre foi muito corajoso e tinha uma capacidade incrível de aglutinar pessoas ao seu redor.

    Era um sonhador incorrigível. Um conciliador nato e um sujeito absolutamente desapegado dos bens materiais e do poder humano. Não queria ocupar cargos públicos de nenhuma natureza como princípio.

    Em nossa juventude vivia me dizendo que ele achava melhor apoiar pessoas que ele acreditava do que ele próprio ser apoiado. Não foi fácil convencê-lo a ter candidatura.

    Tivemos mandatos de vereador na mesma época. Muitos dos processos que ele movia em Jandira e das representações que fez ao Ministério Público, foram feitas em conjunto comigo.

    A aproximação dele com a nossa corrente política interna no PT se deu muito em razão da nossa relação. Muitos jornalistas que ele teve contato foram apresentados por mim.

    Sempre trocávamos ideia sobre as nossas experiências e uma das grandes preocupações que eu sempre tive era com sua segurança. E ele com a minha.

    Mas ele era muito mais desapegado e não acreditava muito que alguém tivesse coragem de fazer algo mais drástico contra sua vida. Um ano antes de sua morte por assassinato Zezinho me disse que daria mais trabalho morto do que vivo e ria.

    Ele se sentia seguro em meio ao povo de Jandira. Seu escudo era a postura coerente e com aquilo que acreditava ser a defesa dos interesses mais justos que uma sociedade almeja. Sua fé tinha como inspirador o Padre João Carlos.

    Era da fonte da teologia da libertação que ele buscava a sua ligação com Deus e me dizia que acreditava no mesmo Deus que o Padre João Carlos e os pobres marginalizados acreditavam.

    Foi em razão desta fé e por essa luta que Zezinho, meu companheiro Zezinho, deu sua vida e o meu Deus diz que ninguém tem maior amor do que aquele que doa a vida pelos irmãos.

    O sangue de Zezinho jorrado no chão de Jandira não significa uma derrota. Derrotados estão aqueles que mataram e que mandaram matá-lo. Zezinho continua vivo em nossas lutas e em nossas esperanças.

    Seus assassinos, sejam eles os executores ou os mandantes estão condenados e para sempre enroscados em seu egoísmo de poder, em sua loucura por dinheiro em suas corrupções, que Zezinho tanto combatia.

    O sangue deste justo foi derramado. Sua vida foi ceifada e conseguiram calar a sua voz. Mas é exatamente por essas razões, que deste chão ensanguentado brota a resistência, da vida ceifada surge a memória que revigora a nossa caminhada e mostra caminho a ser seguido e da sua voz silenciada surgirá o poema que de tão belo, será um grito eterno por liberdade!!

    Zezinho me disse diversas vezes que não tinha medo de morrer! Seu medo era o de não fazer a defesa dos pobres, dos pretos e das pretas, dos jovens periféricos, do LGBTQIA+, do combate feroz contra o sistema capitalista que destruía o meio ambiente! Reclamava que em sua cidade não tinha mais árvores!!

    Zezinho compreendeu algo que é revelado somente aos profetas! Que a vitória dos poderosos não significa nada!

    Ser vitorioso ou ser derrotado não é a principal questão a ser respondida! O que deve ser respondido é se nesta vitória ou nessa derrota, houve coerência com a verdade, com a justiça e com a paz!

    Os que alcançam essa sabedoria, serão derrotados em razão disso! A VERDADE é inimiga declarada deste sistema ECONÔMICO que não pode lidar com ela, pois essa mostra suas mentiras!

    Os que defendem a JUSTIÇA como Zezinho defendeu, serão derrotados pois esse modelo POLÍTICO vive da mentira e da corrupção, não suportando a verdade que expõe as entranhas dos poderosos.

    Os que defendem a PAZ, serão derrotados, pois seus algozes só se sustentam em razão do uso da violência que mata e maltrata os que Zezinho sempre defendeu!

    E, é em razão da coerência com a verdade, com a justiça e com a paz é que Zezinho, mesmo derrotado, já é vitorioso! Pois sua coerência mantém viva a indignação contra a injustiça, contra a mentira e contra a violência e isso, nem um de seus algozes tem ou terá jamais poder de impedir que se perpetuar no decorrer da história!

    Os que mataram Zezinho serão derrotados e o esquecimento será o destino de todos eles. Já Zezinho, será sempre lembrado como aquele que esteve sempre ao lado da verdade, que lutou a luta dos justos e que defendeu a paz como parâmetro e medida da vida! E todos e todas que com ele conviveram podem dar testemunho destas verdades, como eu dou!

    ZEZINHO PRESENTE!

    ZEZINHO PRESENTE!!

    ZEZINHO PRESENTE!!!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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