Brasil precisa de estratégia nacional para urbanização inclusiva e sustentável, defende Marcio Pochmann
Nova abordagem deve garantir infraestrutura moderna, serviços públicos e planejamento urbano eficiente, afirma presidente do IBGE
247 - A urbanização brasileira, marcada por profundas desigualdades desde a segunda metade do século 20, exige uma estratégia nacional capaz de evitar a reprodução de problemas históricos e promover um crescimento sustentável e inclusivo. A análise é do economista Marcio Pochmann, presidente do IBGE, que, em artigo publicado nas redes sociais, alerta para os desafios do atual modelo urbano do país. Segundo ele, a trajetória da urbanização nacional tem sido caracterizada pela concentração da população em áreas periféricas e favelas, especialmente na faixa litorânea, onde cerca de 70% dos brasileiros vivem.
"O crescimento urbano no Brasil ocorreu sem uma política estruturada, aprofundando desigualdades territoriais e sociais", afirma Pochmann. Ele destaca que o avanço da desindustrialização nas últimas décadas intensificou o empobrecimento das cidades litorâneas, tornando-as produtoras e reprodutoras da pobreza, enquanto a informalidade se expandiu. Ao mesmo tempo, o modelo econômico primário-exportador tem impulsionado o crescimento de cidades do interior, especialmente aquelas com até 500 mil habitantes.
Contudo, segundo Pochmann, esse novo ciclo urbano tende a repetir os erros do passado. "As periferias e favelas continuam se expandindo, agora associadas ao novo curso do país bioceânico, que conecta o Brasil tanto ao Pacífico quanto ao Atlântico", analisa. Para ele, é essencial romper com essa lógica e estabelecer uma estratégia nacional que garanta planejamento urbano eficiente, infraestrutura moderna e serviços públicos de qualidade.
O economista cita exemplos históricos de grandes cidades do Norte Global, como Londres, Paris e Nova York, que lideraram avanços urbanos em diferentes momentos. No presente, ele aponta que cidades chinesas têm adotado modelos inovadores, como urbanização robótica, ecocidades e cidades esponjas, que poderiam inspirar um novo caminho para o Brasil.
Diante desse cenário, Pochmann defende que o Brasil aproveite a ascensão do Sul Global para estruturar um modelo urbano mais justo, sustentável e democrático. "A oportunidade está posta, mas é urgente discutir uma estratégia nacional para a urbanização de um novo tipo, capaz de combinar desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental", conclui.
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