Curso de agroecologia capacita camponeses no Paraná e impulsiona produção sustentável
Formação promovida pelo projeto Bem Viver envolve mais de 60 participantes e reforça práticas ecológicas e produtivas em comunidades rurais do estado
247 - Camponeses de mais de 30 cidades do Paraná estão aprimorando seus conhecimentos em agroecologia por meio de um curso técnico que busca fortalecer essa prática sustentável nas comunidades rurais. A iniciativa faz parte do projeto Bem Viver, fruto da parceria entre o Instituto Latino-Americano de Agroecologia Contestado (ICA) e a Itaipu Binacional, dentro do programa Mais que Energia, alinhado ao Governo Federal.
A formação combina aulas práticas e teóricas, abordando desde técnicas de controle biológico de pragas até o papel da agroecologia na luta pela reforma agrária e na transformação social. Os participantes, 60 no total, estão distribuídos entre três centros de ensino: a Escola Milton Santos, em Maringá; o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), em Rio Bonito do Iguaçu; e a Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA), na Lapa.
Luciano José Carneiro, morador da comunidade Cacique Cretã, em Palmas, relata o impacto da experiência. “É algo, assim, instigante, que faz você querer fazer as coisas cada vez mais, produzir com qualidade, com saúde, e implantar o quanto antes, porque implantando o quanto antes você começa a já mostrar pra outros moradores da comunidade que isso é possível, é viável, também rentável, e vai contribuir não só para nós, de casa, a família, mas também para toda a natureza”, afirma.
Para a coordenadora do projeto, a engenheira florestal Priscila Monerat, a agroecologia se contrapõe aos modelos convencionais de agricultura, que frequentemente desmatam e utilizam agrotóxicos em larga escala. “Estamos presenciando muitos episódios relacionados ao caos climático, e parte desses desequilíbrios está relacionado a um tipo de agricultura que desmata, que usa muito veneno, que planta em monocultura. Ao contrário desse modelo, a agricultura camponesa tem respostas para esses dilemas, que é a produção de alimentos em quantidade e qualidade sem destruir os bens comuns”, explica.
O curso também aprofunda temas como políticas públicas para a agricultura familiar, o impacto do agronegócio, a importância da biodiversidade e a relação entre agroecologia e gênero. Na prática, os participantes aprenderam sobre o funcionamento de cooperativas, a criação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e técnicas como o preparo de fertilizantes naturais e a meliponicultura – a criação de abelhas-sem-ferrão para polinização e preservação ambiental.
A zootecnista Gisele Fernanda Mouro, professora do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Ivaiporã, trabalhou a meliponicultura e a homeopatia como ferramentas essenciais para a criação de animais em sistemas agroecológicos. “A ideia é que voltem para o seu local de origem e possam causar algum tipo de transformação. Por isso existe o tempo-comunidade e o tempo-escola, dentro do currículo”, destaca.
O curso de capacitação é apenas uma das ações do projeto Bem Viver para fomentar a agroecologia no Paraná. Além da formação técnica, há iniciativas voltadas à saúde popular, às artes e à comunicação. O reflorestamento de áreas degradadas também integra o projeto, com a implantação de Sistemas Agroflorestais e o plantio de mais de 26 mil mudas em uma área equivalente a 40 campos de futebol. Em complemento, três viveiros de mudas nativas e dois hortos medicinais estão sendo estruturados para fortalecer ainda mais a produção sustentável no estado.
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